05/11/2025 - 14:21
Ícone da ultra fast fashion, varejista chinesa enfrenta críticas por modelo de baixo custo e escândalo por venda de bonecas sexuais de aparência infantil. Governo francês inicia procedimentos para suspender site.A abertura da primeira loja física da varejista de moda chinesa Shein provocou protestos nesta quarta-feira (05/11) em Paris. Criticando o seu modelo de negócios de baixo custo, um ícone da ultra fast fashion global, manifestantes pediram um boicote na unidade em inauguração.
Outras dezenas de compradores passaram horas na fila para entrar na loja do distrito de Marais, que tem mil metros quadrados.
A nova loja já vinha causando reação negativa de alguns políticos, incluindo a prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo. Varejistas reclamam que a marca chinesa tem “vantagem injusta” sobre o resto do mercado.
“Paris não será jamais a fitrine da ultra fast fashion!” dizia uma publicação compartilhada por Hidalgo nas redes sociais. “Eu repito, a Shein não tem seu lugar em Paris!”
No mesmo dia, o ministério das Finanças anunciou que iniciou procedimentos e um pedido na Justiça para suspender o acesso ao site da Shein na França, em razão da venda de bonecas sexuais de aparência infantil. A oferta de produtos na loja online foi revelada no fim de semana anterior, engrossando a lista de críticas à marca.
Em resposta às medidas do governo francês, a Shein disse ter punido os vendedores responsáveis e banido completamente a venda de bonecas sexuais. A empresa também se antecipou parcialmente ao bloqueio do seu site, suspendendo a venda de produtos de vendedores parceiros até uma análise mais aprofundada. Na noite de quarta-feira, o site francês ainda permanecia acessível a partir de servidores no país.
Não está claro se as medidas poderão afetar a loja física.
Preço ou qualidade
A esperança da Société des Grands Magasins (SGM), a rede que opera a loja da Shein em Paris, é atrair uma maior clientela jovem à famosa loja de departamento BHV Marais.
“Todos os dias, nós ouvimos que as lojas físicas estão morrendo, que milhares de empregos estão em risco e que a indústria têxtil francesa está morrendo. Estes mesmos críticos não estão nos oferecendo soluções”, afirmou Frederic Merlin, presidente da SGM. “Eu acredito que, sem inovação, o futuro honestamente não parece brilhante.”
No primeiro dia da loja, o cliente Yuting Yu disse ter ido à loja para procurar boas ofertas. “Neste momento, com a economia diminuindo, as pessoas não têm dinheiro para comprar coisas boas,” disse.
Já a aposentada Chantal Piot disse ter sido atraída pelos baixos preços da Shein, mas queria verificar a qualidade das roupas pessoalmente.
Antipatia do mercado
Por outro lado, a França discute uma nova lei para conter a ultra fast fashion, que poderia proibir propagandas de lojas que adicionam mais de mil novos produtos por dia às suas plataformas.
“Nós temos lutado contra a Shein por dois anos. Ver esta marca se estabelecer num prédio histórico, que simboliza a indústria têxtil francesa, é uma provocação inaceitável,” disse a legisladora Anne-Cécile Violland, do partido de centro-direita Horizons, que encabeça a discussão sobre o tema.
Buscando a simpatia do resto do mercado, a Shein tentou mostrar na quarta-feira que poderia levar impacto positivo aos varejistas franceses. Cada consumidor no dia da inauguração ganhava um voucher para gastar em outras lojas dentro da BHV, válido até domingo.
O nome da BHV será usado nas sete lojas de departamento da SGM, das quais cinco terão lojas da Shein. A operadora recentemente terminou o acordo de franquia das tradicionais galerias Lafayettes.
De acordo com o seu relatório de transparência mais recente para a União Europeia, exigido pelo bloco de grandes plataformas, a Shein teve uma média de 27,3 milhões de consumidores ao mês entre fevereiro e julho.
ht (Reuters, dpa)
