As ações da Polícia Militar realizadas na Baixada Santista, no litoral paulista, após o assassinato de um soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) já resultaram em ao menos seis mortes entre sábado, 3, e este domingo, 4, de acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Segundo a pasta, houve confronto em todos as ocorrências.

O agente Samuel Wesley Cosmo, 35 anos, foi morto na última sexta-feira, 2, após ser baleado em uma ação de patrulhamento no Bairro Bom Retiro, em Santos. Após o caso, o secretário da Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite, anunciou uma operação para localizar os suspeitos. Conforme a PM, três pessoas foram presas ainda na sexta, mas as ações continuam.

“As polícias Civil e Militar estão empenhadas na localização e prisão dos envolvidos na morte do sd. Cosmo”, disse a Secretaria da Segurança Pública.

A pasta afirmou que, neste fim de semana, foram quatro ocorrências envolvendo mortes decorrentes de intervenção policial (MDIP) na Baixada Santista: um delas com três óbitos e as outras com um, cada.

Nas redes sociais, o secretário Guilherme Derrite afirmou que, no caso que resultou em três mortes, equipes de Rota fizeram um cerco em pontos de fuga na Vila dos Criadores, em Santos, “quando os indivíduos atentaram contra os policiais”. “Foram apreendidas três armas, 110 porções de maconha, 76 porções de cocaína e 196 porções de crack”, escreveu.

Em outro caso, Derrite afirmou que policiais do 3.º Batalhão de Choque, em ação na Baixada Santista em apoio à Operação Verão, depararam-se com indivíduos que atiraram contra a equipe. “Um deles, com passagens por roubo e furto, foi neutralizado e evoluiu para óbito”, afirmou.

Questionada pela reportagem, a secretaria não informou o local da ocorrência.

Como mostrou o Estadão, os outros dois casos ocorreram em ações envolvendo policiais da Rota na madrugada deste sábado.

Conforme a Secretaria da Segurança Pública, ambos os casos, um ocorrido em Santos e outro em São Vicente, decorreram de confrontos com a polícia.

Em uma das ações, um policial militar de 33 anos foi atingido de raspão no braço e passou por atendimento médico na Santa Casa da cidade.

Após a morte do soldado Samuel Wesley Cosmo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que a polícia paulista está empenhada em identificar os responsáveis.

Outro soldado, Marcelo Augusto da Silva, de 28 anos, foi morto dias antes em Cubatão, na Baixada Santista. Já no mês passado uma soldado da PM morreu após ser atingida por disparo de arma de fogo em assalto em Parelheiros, na zona sul de São Paulo.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entidade referência no tema, se posicionou sobre os acontecimentos recentes em nota publicada nas redes sociais.

“O governador de São Paulo precisa revisar com os comandos das polícias paulistas sua política de segurança pública e fortalecer, de fato, os mecanismos de proteção dos mais 100 mil profissionais que atuam para garantir a segurança da população paulista”, diz a entidade.

Operação Escudo

No fim de julho do ano passado, o soldado Patrick Bastos Reis, também da Rota, foi morto durante patrulha no Guarujá. A morte de Reis provocou a deflagração da primeira fase da Operação Escudo, que durou 40 dias e terminou com 28 mortes, com denúncias de entidades contra supostos casos de execução e tortura, o que foi negado pela SSP.

Como mostrou o Estadão, as mortes cometidas por policiais militares e civis em serviço cresceram 39,6% no Estado de São Paulo em 2023. Foram registrados 384 óbitos desse tipo, ante 275 no ano anterior.

Recentemente, novas etapas da Operação Escudo foram desencadeadas em outras localidades do Estado, como o ABC Paulista, Guarulhos, Piracicaba e a zona sul da capital paulista.