05/01/2005 - 8:00
A poupança é um paradoxo do mundo financeiro. Foi um dos piores investimentos do País em 2004. Descontada a inflação, de janeiro a dezembro do ano passado a caderneta teve um rendimento negativo de 3,09%, segundo as contas da consultoria Economática. Em outras palavras: quem aplicou perdeu dinheiro. Por outro lado, o saldo da poupança cresce continuamente e já passa de R$ 153 bilhões. Como explicar esse mistério?
Há, basicamente, três razões para a sobrevida da poupança: simplicidade, segurança e isenção de impostos. As regras da caderneta são tão conhecidas dos brasileiros quanto a lei do impedimento é lembrada pelos amantes do futebol. A aplicação rende 6% ao ano mais TR. Para ter direito ao rendimento é preciso deixar o dinheiro aplicado por 30 dias. Nada comparado aos fundos de investimento, que computam rendimentos diários. Em compensação, os fundos pagam alíquotas de Imposto de Renda que podem chegar a 22,5% este ano. Já a poupança, por sua vez, é isenta da tributação. Sem contar o reembolso da CPMF, que todos os bancos dão depois de 90 dias de aplicação. ?Quem aplica em poupança não está preocupado com o rendimento, que é realmente baixo, mas sim com a simplicidade e com a segurança?, afirma Décio Tenerello, presidente da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, Abecip.
Para quem tem mais de R$ 20 mil na caderneta, essa segurança não existe. O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) garante o volume de recursos do investidor em uma instituição financeira até o limite de R$ 20 mil. ?Acima desse valor, se o banco quebrar, não há garantias para o poupador?, diz o consultor financeiro Mauro Halfeld. Para quem busca segurança na aplicação, Halfeld dá outra dica. ?Para valores acima desse limite, o Tesouro Direto é uma opção bem melhor.? O conselho vale para um público seleto de quase 1,5 milhão de correntistas que têm mais de R$ 20 mil em cadernetas, uma soma total de cerca de R$ 85 bilhões