22/02/2017 - 9:01
O grupo ítalo-argentino Ternium, um dos sócios controladores da siderúrgica mineira Usiminas, fechou na terça-feira, 22, acordo para a compra de 100% da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), da alemã Thyssenkrupp. O valor da transação é de 1,5 bilhão de euros, dos quais 300 milhões de euros em dívidas com o BNDES.
Essa não foi a primeira vez que a Ternium tentou adquirir a operação, localizada no Rio de Janeiro. Há alguns anos, o grupo alemão havia colocado à venda a CSA, sua subsidiária brasileira, junto com sua laminadora de aço nos Estados Unidos, mas decidiu vender a unidade americana em separado.
No ano passado, a Thyssen e a Ternium decidiram retomar as conversas. A aquisição é considerada estratégica para o grupo ítalo-argentino por complementar sua produção de placas de aço na Argentina e no México.
O acordo depende da aprovação dos órgãos reguladores do Brasil, Alemanha e EUA e a conclusão está prevista para 30 de setembro. Em comunicado, a Ternium informou que buscará financiamentos bancários para o desembolso de 1,2 bilhão euros.
A CSA é um complexo integrado de produção de aço (com capacidade anual de 5 milhões de toneladas de placas), porto de águas profundas e uma geradora de energia. A construção do projeto, iniciado em 2005 e inaugurado em 2010, consumiu investimentos superiores a US$ 8 bilhões da Thyssen e de sua sócia, a Vale, que deixou o projeto em 2016. Diante da queda da demanda por aço no País, que prejudicou o resultado da CSA, o grupo alemão começou a tentar se desfazer do ativo ainda em 2013.
Em comunicado, Daniel Novegill, presidente da Ternium, informou que o grupo está incorporando mais uma usina siderúrgica de última geração. “Isso vai permitir aumentarmos nossa diferenciação.”
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Paolo Bassetti, presidente do grupo ítalo-argentino no Brasil, descartou a possibilidade de a Ternium sair da Usiminas, após essa aquisição. O grupo chegou no Brasil em 2011 ao comprar as participações de Camargo Corrêa e Votorantim na Usiminas, na qual tem como sócia a japonesa Nippon. No entanto, desde 2014, os dois sócios começaram a se desentender. Uma cisão dos negócios chegou a ser cogitada. A Ternium, segundo fontes, ficaria com os ativos da Usiminas em Cubatão (SP) e poderia juntá-los aos da CSA, formando uma nova siderúrgica.
“Acreditamos no Brasil e por isso fizemos esse investimento”, afirmou Bassetti. “Não queremos nos desfazer de nossa fatia na Usiminas. Continuamos afirmando que o problema lá é de gestão”, disse.
Em paralelo à aquisição, a CSA continuará a fornecer 2 milhões de toneladas de placas por ano para a planta de laminação da unidade da Thyssen, nos EUA, vendida para os grupos ArcelorMittal e Nippon Steel. Em comunicado, a Thyssen informou que essa operação permitirá ao grupo abater suas dívidas.
Venda. Em maio passado, a Vale anunciou a venda, por preço simbólico, de 26,87% da CSA à Thyssen. Com isso, livrou-se das dívidas. A transação incluía uma cláusula de “earn-out”, válida por um período, que permitia à Vale obter alguma receita caso o controle da CSA fosse a vendido, como ocorreu agora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.