O Solidariedade decidiu expulsar o advogado Hery Waldir Kattwinkel Junior, que era filiado ao partido, após os ataques do criminalista a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento de réus do 8 de Janeiro. Em nota, a legenda informou que o advogado usou “falas ofensivas e desrespeitosas” à Corte e “ultrapassou os limites da lei”.

Kattwinkel defende Thiago de Assis Mattar, um dos condenados na quinta-feira por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. O advogado ganhou evidência nas redes sociais porque, durante o julgamento, confundiu o livro de teoria política O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, com a obra infantil O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.

“Esse julgamento está sendo jurídico? Ou esse julgamento está sendo político, a fim de incriminar mais alguém? A fim de um objetivo que nós não conseguimos entender? Porque parece que estão sendo usados. Diz O Pequeno Príncipe: ‘Os fins justificam os meios’, e podemos passar por cima de todos. Maquiavel, ‘os fins justificam os meios'”, disse o advogado.

A frase “Os fins justificam os meios” não está em O Pequeno Príncipe, obra que possui uma história muito diversa do livro do teórico político e foi escrita, inclusive, mais de 400 anos depois. Também não está em O Príncipe, apesar de ser recorrentemente atribuída a Maquiavel em páginas na internet. Moraes chegou a ironizar a confusão: “São obras que não têm absolutamente nada a ver. Mas, obviamente, quem não leu nenhuma nem outra vai no Google e às vezes dá algum problema”.

A decisão foi tomada em conjunto pelo diretório municipal do Solidariedade em Votuporanga, no interior de São Paulo, pelo presidente estadual do partido, Alexandre Pereira, e por Paulinho da Força, vice-presidente nacional. A sigla estuda entrar com uma representação contra o advogado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Nervosismo

Kattwinkel nega que tenha sido desrespeitoso com os ministros do Supremo e cita o “nervosismo” no julgamento para justificar a confusão. Para ele, Moraes assumiu um papel de “acusador”. Ele diz ainda que o ministro é quem foi desrespeitoso ao chamá-lo de “patético” e “medíocre”.