O presidente da Febraban, Isaac Sidney, afirmou nesta sexta-feira que acabar com o rotativo do cartão de crédito é uma das possibilidades discutidas hoje em relação à modalidade. A estimativa dele é que em 30 ou 60 dias uma solução seja encontrada. “Os bancos estão engajados na discussão e fazemos parte do problema, dos juros altos”, afirmou, em entrevista à GloboNews.

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Segundo ele, seja via fim do rotativo ou limitação de parcelas, haverá um plano de voo e uma transição, sem ruptura.

Isaac citou “distorção, anomalia e patologia” ao comparar o juro do rotativo, por exemplo, com o do imobiliário. “É importante que o risco seja diluído”, disse. “Diferentemente do crédito imobiliário, há cinco participantes na cadeia de concessão: bandeiras, maquininhas, bancos emissões, lojistas e consumidores. Precisamos entender quem tem o risco dessa cadeia e por que o rotativo está nesse patamar”, afirmou.

O risco do cartão de crédito, continuou, é muito elevado e, não é razoável que, numa cadeia de cinco, apenas os bancos suportem o risco. “É muito cômodo para o lojista vender em parcelas a perder de vista sem se preocupar com risco.”

Segundo ele, os bancos não vão hesitar em buscar uma solução “construtiva”, dada a importância do cartão de crédito para o consumidor. Entre as alternativas, a adoção de tarifas para desincentivar o parcelado sem juros é um dos caminhos. “Podemos limitar número de parcelas sem juros, reequilibrando distorção”, emendou, citando que há países que limitam as parcelas a até cinco, enquanto não há limite no Brasil. “É uma distorção muito grande.”

Na entrevista, Isaac lembrou que ontem esteve com presidente do IDV, que representa o varejo, e mencionou grupo de trabalho e que fizeram três reuniões. “Nossa preocupação é para que não haja ruptura.”

“Qualquer que seja a solução, fim do rotativo ou limitação do parcelado sem juros, os bancos serão sensíveis para que a gente possa fazer um plano de voo suave, uma transição, para que o consumidor não possa sair perdendo, além do pequeno comércio. Vai ficar mais barato.” Ainda, disse, “tenho muita segurança que nos próximos 30, 60 dias, encontraremos uma solução”.

Ao citar, além do Banco Central, o Ministério da Fazenda, Isaac disse que o ministro Fernando Haddad está bastante empenhado. “Ontem (quinta-feira) conversei com ele, fizemos uma ligação, conversamos, e ele vai fazer uma reunião na próxima segunda-feira com o autor e o relator do projeto de lei. Há muita disposição do governo em ajudar”, afirmou. “E, no final do dia o consumidor terá taxas mais baratas no cartão de crédito.”