Construir um milhão de casas em 2010 é um sonho, diz o presidente da Rodobens Negócios Imobiliários, Eduardo Gorayeb. ?É impossível?, afirma o executivo, que acaba de assinar os primeiros contratos com a Caixa Econômica Federal para atender ao programa Minha Casa, Minha Vida. Com R$ 512 milhões de valor geral de vendas em 2009, a Rodobens espera acelerar o ritmo este ano e compensar o tempo de espera para a liberação dos recursos. Gorayeb falou à DINHEIRO:
 

DINHEIRO ? O programa Minha Casa, Minha Vida está indo bem?
EDUARDO GORAYEB ? Está andando bem, mas com ressalvas. Ajustes são necessários. A Caixa não consegue montar uma estrutura imediatamente. Ela precisa se estruturar para suportar o crescimento. Por isso, o resultado não é imediato. Em um ano não vai construir um milhão de casas. Pode ser lançado um milhão, mas não concluído. É impossível.
 

DINHEIRO ? Qual foi a quantidade de lançamentos no segundo semestre?
GORAYEB ? Seguramos as obras para não ter um problema maior na frente. Tomamos essa decisão corajosa e está custando caro. Nossos números não serão comparáveis aos dos nossos pares. Não colocaríamos dinheiro na construção se não conseguíssemos repassar os financiamentos. No ano passado, enquanto não acessássemos os recursos da Caixa, não começaríamos as obras. Só firmamos dez contratos com a Caixa em dezembro. Isso se refletiu nos negócios.
 

DINHEIRO ? Qual a necessidade de captação de recursos?
GORAYEB ?
Temos fluxo de dinheiro e não precisamos fazer nova emissão de ações.
 

DINHEIRO ? Vai haver consolidação entre imobiliárias?
GORAYEB ?
Não na velocidade que os bancos de investimento querem. Fusão não é tão simples. Ela traz problemas com culturas e processos diferentes. É difícil ver duas boas empresas se unirem. Mas pode acontecer para quem estiver no mesmo nível de mercado, com objetivos comuns, se a soma de dois mais dois der cinco. O mercado vai passar pela consolidação, mas não tão rápido.
 

DINHEIRO ? Os investidores já entenderam o ciclo do setor?
GORAYEB ?
Os brasileiros são de curto prazo, que ganham na oscilação da ação e não no fundamento. Mas quem é fundamentalista e está com a empresa há mais tempo sabe que o retorno é no longo prazo e entende o ciclo. Avaliação trimestral é incoerente e inadequada neste mercado. Não tem o que ver. Os reflexos no resultado aparecem num prazo maior.

 

PELO MUNDO

A Ford acelera

A Ford Motor colocou o pé no acelerador e registrou no ano passado seu primeiro lucro líquido anual desde 2005. A companhia americana lucrou US$ 2,7 bilhões. O executivo-chefe da montadora, Alan Mulally, não economiza sorrisos. Ele disse, na quinta-feira 28, que o resultado revela o sucesso da recuperação.

Filosofia grega

Na segunda-feira 25, a Grécia captou ? 8 bilhões com a emissão de bônus de cinco anos e remuneração de 6,2% ao ano. O Ministério das Finanças, liderado por George Papaconstantinou, afirmou que a forte demanda mostra a capacidade da Grécia de superar a crise.

No vermelho

A americana US Steel informou na quarta-feira 27 que teve prejuízo de US$ 267 milhões no quarto trimestre de 2009. John Surma, presidente da siderúrgica, prevê resultado semelhante para o primeiro trimestre de 2010. Um dos motivos é que a melhora das condições de negócios ainda não está refletida nos resultados da companhia.

Papéis avulsos

Abre o olho, xerife!

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem cobrado fortunas dos executivos envolvidos em irregularidades no mercado de capitais. O xerife não poupou nem mesmo o diretor-financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, que aceitou pagar R$ 400 mil para encerrar processos (sem admissão de culpa) por deslizes cometidos na divulgação de informações da companhia. Espera-se da CVM a mesma coragem para investigar, encontrar e punir os responsáveis pelo vazamento de informações sobre o decreto que supostamente ressuscita a Telebrás, no âmbito do Plano Nacional da Banda Larga. Os espertinhos de sempre estão fazendo fortunas na bolsa. Em 30 dias, os papéis PN da empresa tiveram alta superior a 140%. Os volumes, antes irrisórios, dispararam. É uma boa oportunidade para a CVM assinar a parceria com a Polícia Federal, para ajudar nas investigações que, segundo consta, tem feito. Na semana passada, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, negou que a decisão sobre a reativação da Telebrás esteja tomada. ?Quem vai decidir é o presidente da República. Não
é o Ministério das Comunicações, o Ministério da Fazenda ou o Ministério do Planejamento?, afirmou. Aos investi-dores, o melhor é ter cautela.

Destaque no Pregão

Defesa menos vazada

Se o Bradesco estivesse em um campeonato de futebol, ganharia o troféu de defesa menos vazada do ano. Em 2009, o banco comandado por Luiz Carlos Trabuco aumentou o spread (margem de ganho) dos empréstimos para compensar o crescimento da inadimplência. A estratégia deu certo e o lucro líquido recorrente de R$ 7,6 bilhões no ano passado foi semelhante ao registrado em 2008. A carteira de crédito pode crescer até 25% este ano, estima o Bradesco.

Palavra de analista

O Bradesco teve problemas de tesouraria e no crédito, avalia João Augusto Sales, da Lopes Filho & Associados. Mas os dois segmentos tendem a registrar uma boa performance em 2010. A alta da Selic facilitará as operações da tesouraria e o crescimento do PIB, os empréstimos. ?O impacto vai ser favorável para o crescimento do banco?, diz Sales.

Imóveis

Capital produtivo

O mercado imobiliário está aquecido. As construtoras estão acertando com a Caixa Econômica Federal empréstimos que serão destinados ao financiamento de imóveis. Na quinta-feira 28, a Trisul recebeu uma linha de crédito de R$ 300 milhões. ?A necessidade é operacional e não de capital de giro. Nossa posição de caixa está equilibrada?, diz o vice-presidente Marco Antônio Mattar. O dinheiro já tem destino: será usado em dois anos em 18 a 20 obras, para um total de quatro mil unidades. A ação da Trisul acumulava uma alta de 7,1% no ano, até a quinta-feira 28.

Educação financeira

Seu filho começou a falar em investimentos? Então mostre a ele que o dinheiro está presente no cotidiano e é preciso tomar cuidado com os riscos do descontrole nas finanças. Em linguagem simples e com exemplos do dia a dia, o livro ?Você sabe lidar com o seu Dinheiro?? (Primavera Editorial) aborda temas básicos, mas relevantes para toda a vida.

Touro x Urso

O urso (tendência de baixa do mercado) saiu da caverna. Depois de cinco pregões consecutivos de queda, o Ibovespa, principal indicador da BM&FBovespa, encerrou em alta na quinta-feira 28, mas sem deixar de lado o nervosismo com o mercado externo. As principais companhias americanas têm apresentado resultados positivos, embora não sejam suficientes para apagar as preocupações com as medidas chinesas para conter o crescimento ou a situação fiscal da Grécia. Nesta semana, novos dados dos Estados Unidos norteiam as decisões dos agentes do mercado. Além do resultado da renda e gastos pessoais na segunda-feira 1º, haverá a divulgação da venda de carros e automóveis na terça-feira 2 e da taxa de desemprego de janeiro na quinta-feira 5.

Quem vem lá

A tardinha cai, o barquinho vai

Você investiria R$ 300 mil num barquinho de papel? Eike Batista acha que sim. Este é o valor mínimo que as pessoas físicas precisarão para aplicar na sua próxima estreia na Bovespa, a OSX. E o que é a OSX? É mais uma empresa de papel no império de Eike, que já conta com a OGX Petróleo, a MMX Mineração, a MPX Energia e a LLX Logística. A OSX vai atuar com construção naval e equipamentos de petróleo. Seu único ativo, por ora, é um terreno no litoral de Santa Catarina e um contrato de US$ 30 bilhões para fornecer 48 navios. Para quem? Para a OGX Petróleo, do próprio grupo, que ainda não produz nada. É pura bossa nova ? só falta o violão.
 

Fique de olho: o Banco do Brasil pretende aumentar o capital em até R$ 10 bilhões. Pode ter nova oferta de ações.