29/09/2004 - 7:00
Na quarta-feira 22, véspera da abertura do Mondial l?Automobile, principal salão europeu deste ano, os franceses, donos da casa, estavam efusivos. O presidente da PSA Peugeot Citroën, Jean Martin Folz, havia anunciado que os resultados positivos do grupo automotivo permitiriam a contratação de mais 2.500 empregados para a empresa. É um exemplo raro na estagnada economia européia desses tempos. No dia seguinte, durante a entrevista coletiva, o executivo foi aplaudido de pé pelos jornalistas locais. Com vendas de 5,7 milhões de unidades em 2003, 6% a mais que no ano anterior, as três montadoras francesas (Renault, Peugeot e Citroën) atravessam uma fase de crescimento que não experimentavam havia décadas. Tanto que resolveram retribuir ao público ? estimado em 1,5 milhão de visitantes entre 25 de setembro e 10 de outubro ? com diversos lançamentos de peso. Modelos como os revolucionários Renault Modus e Peugeot 1007, que reinventam conceitos de espaço interno para veículos compactos. Ou mesmo o médio Citroën C4, dotado de design de extremo bom gosto. Boas notícias? Sim, sem dúvida, principalmente porque as três marcas também possuem plantas industriais no Brasil e podem rapidamente atravessar o Atlântico com seus novos automóveis. Mas atenção, e aí está uma informação incômoda: nenhum desses carros será fabricado em território brasileiro. A saída: importá-los.
?Por ser muito sofisticado, o C4 nao teria preço no Brasil em razão dos baixos volumes de venda?, explicou à DINHEIRO o presidente da Citroën do Brasil, Sergio Habib. ?Esse carro chegará ao nosso País, importado, por R$ 80 mil, o dobro do valor de seu antecessor, o Xsara?. A falta de demanda no mercado brasileiro foi a tônica das justificativas de executivos de várias montadoras. Tanto que não serão apenas as francesas que afastarão dos brasileiros os novos veículos. ?Não há a menor chance de produzirmos no Brasil a Stilo Multiwagon Adventure?, garantiu Herbert Demel, presidente da Fiat. Em uníssono, Jim Padilla, CEO da Ford, explicou que o novo Focus, outro modelo a debutar em Paris, não será feito no Brasil. ?Não compensaria o investimento?, resumiu.
Carrocerias modernas. E isso não é tudo: os dois carros médios mais vendidos no País (Chevrolet Astra e VW Golf) já rodam pela Europa com carrocerias mais modernas e agregados tecnológicos que nem passam perto dos nacionais. Se haverá novos reflexos dessa distância criada entre os carros europeus e os brasileiros? Tudo indica que sim. O Mercedes-Benz Classe A e o Audi A3 foram outros dois exemplares inéditos do salão parisiense. No Brasil, o problema nem é saber se esses novos modelos serão trazidos, mas sim se os velhos continuarão sendo fabricados. Provavelmente não emplacam mais dois anos. Nesse cenário, nada como apreciar em fotos os modelos de sonho como quem vibra com uma saborosa história em quadrinhos. É divertido e, para os mais endinheirados, pode servir como catálogo para importação. 
 | |||||||||||||||||||||||
 | |||||||||||||||||||||||
|
