23/08/2013 - 21:00
Em 2002, o americano Nick Woodman conseguiu finalmente fazer uma viagem à Indonésia acompanhado de seus amigos. Eles planejavam há muito visitar o local, um dos pontos prediletos dos praticantes de surfe, esporte preferido do grupo. Depois de semanas no país asiático, eles voltaram para suas casas sem nenhuma boa imagem. Woodman sabia quem culpar: sua câmera, que não era adequada para registrar seus movimentos radicais nas ondas. O jovem recém-formado em artes teve, então, uma ideia. Tomou US$ 35 mil emprestados de sua mãe e abriu a GoPro Labs, que um ano depois colocava no mercado a câmera para esportes radicais que levava o nome da empresa.
Luciano Botura: a Sony coloca suas fichas em modelos de menor preço
para conquistar os praticantes de esportes radicais
Aos 36 anos, Woodman é dono de uma fortuna estimada em US$ 1,3 bilhão. Uma década depois, o produto de Woodman ganhou reconhecimento e prestígio. Prova disso é que grandes empresas resolveram entrar no mercado aberto pelo empresário. Uma delas é a japonesa Sony, que, recentemente, anunciou o lançamento mundial de sua Action Cam para competir nessa área. A câmera chega ao mercado brasileiro no fim de agosto. “O mercado de esportes radicais está crescendo muito”, afirma Luciano Botura, gerente-geral de marketing da Sony. “Estamos focados em conquistar esse nicho.” Trata se de um primeiro desafio para a GoPro, que até agora teve pouca concorrência.
Antes da Sony, a única empresa com faturamento bilionário a fazer frente ao produto de Woodman era a Hitachi, que vendia sua câmera para esportes radicais em mercados dos Estados Unidos e da Europa. A marca de Woodman, sem trocadilhos, nada de braçada à frente das concorrentes. Em 2012, ela detinha 70% do mercado americano de câmeras especializadas em esportes radicais, cujas vendas atingiram três milhões de unidades. Esse desempenho foi justamente o que despertou a Sony para a necessidade de combater a ameaça da GoPro. Em dezembro passado, a japonesa foi desbancada pela primeira vez do topo do ranking mensal de vendas de câmeras digitais da varejista americana Best Buy.
Líder: aparelho criado por Nick Woodman é febre entre aficionados por ação
A nova líder foi justamente a GoPro, com seu produto esportivo. Seu bom resultado culminou com um investimento de US$ 400 milhões feito pela taiwanesa Foxconn, a mesma que produz os iPhones da Apple. Além disso, a GoPro estuda abrir seu capital. “Os consumidores abraçaram nossa câmera e nossa filosofia”, afirmou Woodman, em um texto oficial da empresa. O mercado brasileiro de Action Cam ainda está muito distante do americano, mas já apresenta somas interessantes. Segundo números estimados pela própria Sony, o potencial do Brasil para este segmento é de 300 mil unidades por ano. O mercado nacional hoje é atendido, basicamente, pela GoPro e por similares importados da China.
A empresa americana não opera oficialmente por aqui. Os produtos são trazidos pela Brasil Racing, importadora oficial da GoPro no País. “A marca e seus produtos já são conhecidos por aqui”, afirma Fabio Antunes, presidente da Brasil Racing. Em razão da importação, as câmeras, que podem ser adquiridas nos EUA por no máximo US$ 400, chegam a custar no País entre R$ 1,5 mil e R$ 2,7 mil, dependendo da versão. Esse será o principal diferencial da Sony. Com produção em sua fábrica da Zona Franca de Manaus, o produto da japonesa vai chegar às prateleiras brasileiras por R$ 999. “Como todos os nossos concorrentes são importados, não vemos competidores no mercado nacional”, afirma Botura. “Ser fabricado aqui é o diferencial.”