21/06/2000 - 7:00
Os fabricantes brasileiros de confecções estão ganhando um concorrente de peso. Chama-se American Sportswear e é fruto do casamento da Russel Corporation, dos Estados Unidos, e a Coteminas, um dos maiores grupos têxteis nacionais. A recém-nascida companhia coloca no varejo nacional a grife Jerzees, líder americana no setor de malharia. Camisetas e conjuntos de moleton já estão sendo produzidos na fábrica da Coteminas, em Natal (RN), e vão abastecer, além do mercado local, as lojas dos EUA e Europa. O acordo foi assinado em setembro do ano passado, sem nenhum alarde, mas só agora a marca começará a ser vendida.
Neste primeiro ano, Eduardo Golob, presidente da empresa, ex-Nabisco, pretende chegar a R$ 20 milhões em vendas. O executivo não conta quanto vai investir no Brasil ? diz que o número é estratégico ?, mas prevê que em dois anos o faturamento alcance os R$ 100 milhões. ?Esse mercado é muito pulverizado, tem muitos concorrentes, por isso temos de tomar cuidado com as nossas informações?, afirma. Se Golob estiver certo sobre o futuro do negócio, a American Sportswear estará com 7% de participação de mercado em 2002. É o mesmo percentual que a líder do setor, a Hering, detém nos dias de hoje. Para enfrentar a empresa catarinense, a nova companhia vai atacar direto na etiqueta. Dependendo do modelo, uma camiseta da marca Jerzees será encontrada nas lojas e hipermercados por preços variando entre R$ 6 e R$ 11, o mesmo que a Hering pratica.
Golob não esconde que terá de suar a camiseta para ganhar mercado. Até porque sai do ?zero? para enfrentar a centenária concorrente. Surpreendentemente, a American Sportswear não vai aproveitar a estrutura que a Coteminas, dona de marcas como Artex e Santista Têxtil, tem no Brasil. Não usará os canais de distribuição, nem a parte de logística, muito menos os contatos com o atacado e o varejo. Segundo o executivo da empresa, a sinergia poderia atrapalhar os próprios negócios da Coteminas, que já tem uma marca de malharia, a Atitude. ?Só usaremos a fábrica. De resto, a operação é totalmente independente?, conta Golob.
A Russel Corporation tem 65 fábricas, emprega 10 mil pessoas e faturou no ano passado US$ 1,3 bilhão ? US$ 520 milhões só com a marca Jerzees. Para se ter uma idéia, a grife chega a ter até 35% de participação com alguns produtos no segmento de malharia nos EUA. Do outro lado, há a Coteminas: uma empresa mineira com 11 fábricas, 8 mil empregados e um faturamento de R$ 500 milhões. Se a operação brasileira tiver sucesso, poderá ser expandida para outros países da América Latina. Para isso, porém, terá de disputar com o México, onde também existe uma subsidiária. Por enquanto, já está certo que o Brasil vai coordenar os negócios no Mercosul e agregar o Chile.