08/07/2009 - 7:00
“Um investidor leigo não sabe que BPD significa barril de petróleo por dia, uma sigla comum entre os investidores institucionais” Paulo Campos, gerente de RI para pessoa física da Petrobras
Você já foi bem atendido pelo de-partamento de relações com investidores de uma empresa na qual investe? A comunicação entre acionistas individuais e as companhias nem sempre é fácil de se levar. Em época de anúncio de resultados ou distribuição de dividendos, os telefones das áreas de RI tocam incessantemente. Do outro lado da linha, pequenos investidores confusos, preocupados ou, até mesmo, irritados, buscam informações e exigem um bom atendimento.
Com o aumento da participação de pessoas físicas na bolsa para mais de 500 mil, as empresas com grande base acionária começam a criar departamentos específicos para atendê-las. A Petrobras foi a primeira a criar uma área segmentada de RI, em 2002. Vale, Itaú Unibanco, Cemig, Banco do Brasil e Bradesco também aderiram. Será que esse novo SAC só para investidores funciona mesmo? Paulo Campos, gerente de RI para pessoa física da Petrobras, jura que sim. A empresa possui em torno de 460 mil investidores pessoa física.
Somando-se os cotistas dos fundos de ações, são mais de um milhão de pessoas. O pequeno acionista da maior empresa brasileira conta com um site diferenciado, uma equipe de RI específica, um telefone 0800 dedicado e um e-mail para contato com o departamento. A cada divulgação de resultados, ela faz um chat com os investidores pessoa física para explicar os pormenores do balanço. Tudo, evidentemente, de uma maneira mais simplificada.
“Tentamos facilitar o entendimento. Um investidor leigo não sabe que BPD significa barril de petróleo por dia, uma sigla muito comum entre os investidores institucionais. São coisas técnicas que podem ser tratadas de uma outra maneira, mais simples, mais mastigada”, explica Campos.Ultimamente, muitos ligam para saber o impacto da CPI da Petrobras nos negócios.
“O investidor está preocupado, quer saber como isso irá afetá-lo. Explicamos que as acusações não têm fundamento, não há nada comprovado e o investidor não deve se preocupar”, afirma Campos. No Bradesco, outro grande berço de minoritários, a dinâmica é parecida. São em média 200 ligações e e-mails mensais. “Antes os minoritários eram mais passivos, queriam entender. Agora, são mais questionadores.
Eles têm a opção de comprar ações de vários bancos e boas empresas. Por isso, querem saber por que devem comprar as do Bradesco”, diz Jean Philippe Leroy, diretor de relações com o mercado. As maiores demandas são relacionadas à distribuição de dividendos, às vantagens e desvantagens das ações ON e PN e a operações do mercado acionário, como grupamento e split de ações. “O minoritário sabe que faz a diferença e que 40% do mercado de ações é composto por pessoas físicas.
Ele se coloca em uma categoria de grande investidor porque entende que, juntas, as pessoas físicas são grandes”, diz Leroy. Iniciativas como essas são estimuladas pelas associações que representam os investidores e vistas como exemplares na prática de governança corporativa. “Mesmo que uma empresa erre, é essencial ter uma área segmentada que explique ao acionista de forma clara o que está acontecendo”, avalia a professora do MBA de RI da Fipecafi, Marina Yamamoto. Afinal, nem todos são obrigados a saber o que significa valuation ou LPA. Se alguém puder explicar, o investidor agradece!