Na contramão dos últimos indicadores, que mostram uma recuperação sensível da economia brasileira, acima das expectativas, a agência de risco Standard & Poor’s, tal qual um censor que repreende seus comandados por erros, resolveu rebaixar a nota do País, embora mantendo o chamado “grau de investimento” – o que, em última análise, ainda deixa o mercado na condição de seguro para investir. Essa foi uma espécie de “colher de chá”, digamos assim, para não detonar de vez com a reputação do avaliado. 

 

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A agência desconsiderou abertamente números que mostram o contrário e, não satisfeita, ainda arrolou no rebaixamento alguns dos mais importantes ícones nacionais, bancos e empresas que vêm dando show de resultados no azul, com gordos lucros e crescimento inegável. É de se questionar o intuito de instituições como essa que ganham naturalmente os holofotes e muito marketing destacando suas análises, mesmo que boa parte delas tenha historicamente se transformado em erros crassos de perspectiva. A S&P sempre teve a pretensão de atuar como uma espécie de farol para o capital internacional. 

 

Muitas vezes nessa condição empurrou seus seguidores para os rochedos e fez virar pó bilhões de dólares em apostas equivocadas. Foi por exemplo o que aconteceu quando posicionou o Banco Lehman Brothers como “saudável” às vésperas de sua sonora quebra que desencadeou a crise global dos subprimes. A S&P não colhe prejuízos de imagem por derrapagens dessa natureza e acredita estar atendendo aos interesses de seus “clientes” – e, por tabela, da banca que fatura alto com especulações do tipo –, não importando a inconsistência dos argumentos. 

 

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, em entrevista ao Estadão, colocou o dedo na ferida ao apontar que a decisão da S&P não tem nenhuma credibilidade. “Que significado tem? Isso é coisa de estelionatários! Eles, na verdade, participaram de um estelionato na crise de 2008.” Na ponta do lápis, o que a S&P deixou de considerar foram indicadores básicos de renda, emprego, produção industrial e mesmo vendas do varejo que mostram o Brasil vivendo atualmente uma recuperação gradual e sustentável. 

 

O PIB de 2013 já foi acima das expectativas e, pelo andar do primeiro trimestre deste ano, deve apresentar números novamente superiores aos previstos e bem acima da média do G-20. Pelo já apurado, a criação de empregos formais avançou 77%; a indústria espera cravar em fevereiro mais uma alta após ter subido 2,9% em janeiro sobre dezembro, enquanto a renda segue avançando. Entregue seus recursos à S&P, à própria sorte e risco, quem preferir confiar em suas conclusões e não em notórios comprovantes de saúde do País como esses.