14/11/2017 - 7:56
As escolas municipais de São Paulo ensinarão a partir de 2018 as chamadas habilidades socioemocionais, que incluem criatividade, empatia e abertura à diversidade, por exemplo. O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso à parte introdutória do novo currículo da rede que está sendo finalizado pela Secretaria de Educação. Não haverá uma aula à parte para essas competências; elas devem permear todas as disciplinas.
As habilidades socioemocionais vêm sendo discutidas no mundo todo como uma necessidade para se formar melhor o estudante para os desafios do século 21. Críticos sustentam, no entanto, que os professores atualmente ainda não sabem como inserir essas competências em suas aulas. Há também a dificuldade em se avaliar a prática.
Segundo o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, os professores da rede farão uma formação especial para o novo currículo em 2018. O documento ainda trará orientações didáticas, no modelo “como fazer”, para docentes. “Estamos muito seguros de que isso vai acontecer (pôr o currículo em prática)”, diz Schneider.
O novo currículo menciona nove competências com características socioemocionais. Além de nomear a habilidade, o texto indica para o que ela serve. Por exemplo, ao descrever o item “empatia e colaboração”, o documento menciona que o estudante precisa ser ensinado a “trabalhar em grupo, criar, pactuar e respeitar princípios de convivência, solucionar conflitos, desenvolver a tolerância à frustração e promover a cultura da paz”. No tópico “abertura à diversidade” fala-se em “conviver harmonicamente com os diferentes”.
“Acho que foge um pouco dessa radicalização atual, da polêmica em torno de um currículo ideológico”, diz o coordenador de projetos sobre Educação Integral do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Alexandre Isaac. Ele ainda questiona que tipo de avaliação será feita. “Como medir se alguém adquiriu mais experiência, se é amável, se é extrovertido?” Segundo ele, muitos professores da rede também consideram que seria preciso investir mais em formação de conteúdos de Português e Matemática, no lugar da formação para habilidades socioemocionais.
Segundo a gerente executiva de educação do Instituto Ayrton Senna, Simone André, o desenvolvimento dessas atividades afeta até a aprendizagem geral do estudante. “Os estudos indicam que boa parte das nossas realizações na vida depende fortemente dessas competências, no mundo do trabalho, nos relacionamentos.”
Consulta
Professores e estudantes da rede também foram consultados sobre o que consideravam importante estar no novo currículo. São 57 mil professores e 16 mil opinaram. Para o presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo, Claudio Fonseca, a Prefeitura precisa “ter cuidado para que o currículo não se torne mais um modismo, que não muda a escola”. “O currículo acontece no dia a dia, todos os profissionais precisam estar envolvidos.”
O texto já considera objetivos estipulados pela Base Nacional Curricular Comum, documento ainda em análise pelo Conselho Nacional de Educação. Depois de aprovado, todas as redes precisam elaborar seus currículos, de acordo com as orientações da Base. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.