22/05/2023 - 10:08
Organizada pela empresa americana Axiom Space em cooperação com a Nasa e a Space X, a segunda missão privada da história rumo à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) decolou neste domingo (21/05) do estado da Flórida, no sul dos Estados Unidos, levando a bordo a primeira mulher saudita a viajar ao espaço.
Rayyanah Barnawi, pesquisadora de câncer de mama, é acompanhada na missão pelo também saudita Ali Al-Qarni, um piloto de caças. Os dois são os primeiros astronautas da Arábia Saudita a viajar ao laboratório espacial e também os primeiros sauditas a viajarem no espaço desde 1985, quando o príncipe Sultan bin Salman bin Abdulaziz participou de uma viagem organizada pelos EUA.
+ Depois da SpaceX, Blue Origin também levará astronautas à Lua
A tripulação também inclui Peggy Whitson, uma ex-astronauta da Nasa , que fará seu quarto voo para a ISS, e John Shoffner, empresário do Tennessee encarregado de pilotar a aeronave. Whitson, a primeira mulher a comandar a estação internacional, já detém o recorde americano de maior tempo acumulado no espaço: 665 dias.
Juntos, os quatro tripulantes devem realizar cerca de 20 experimentos científicos na ISS ao longo de dez dias como parte da missão “Axiom 2” (Ax-2). Um deles, por exemplo, envolve estudar o comportamento de células-tronco em gravidade zero.
Segunda missão da AxiomSpace rumo à ISS
A bordo de um foguete Falcon 9 da SpaceX, a equipe decolou às 18h37 (horário do Brasil) do Kennedy Space Center, em Cabo Canaveral, tendo chegada prevista para às 10h25 desta segunda-feira.
Os membros da Ax-2 se juntarão a outros sete já a bordo da ISS: três russos, três americanos e Sultan al-Neyadi, astronauta dos Emirados Árabes Unidos que no mês passado se tornou o primeiro cidadão árabe a fazer uma caminhada espacial.
A Ax-2 é a segunda missão da Axiom Space em parceria com a Nasa, principal mantenedora da ISS. A empresa espacial privada oferece as viagens por somas que chegam a milhões de dólares. Ela também supervisiona o treinamento dos astronautas, freta seus meios de transporte e gerencia sua permanência no espaço.
A primeira missão privada da empresa rumo à ISS foi realizada em abril de 2022. Na ocasião, três empresários e o ex-astronauta Michael Lopez-Alegria foram postos em órbita por 17 dias como parte da missão Ax-1.
Arábia Saudita busca renovar sua imagem
A missão espacial envolvendo uma mulher é a mais recente medida do reino saudita visando melhorar a imagem internacional do país ultraconservador, onde as mulheres ganharam o direito de dirigir apenas alguns anos atrás.
“Este é um sonho tornado realidade para todos”, disse Barnawi antes do voo. “Só o fato de podermos entender que isto é possível. Se eu e o Ali o conseguimos fazer, outros também conseguem”, declarou.
Além das pesquisas que conduzirá a bordo, ela espera compartilhar sua experiência na ISS com crianças. “Ser capaz de ver seus rostos ao verem astronautas de sua própria região pela primeira vez é muito emocionante”, disse ela numa entrevista recentemente.
Al-Qarni, piloto de caça de carreira, falou sobre o fascínio que sempre teve em explorar o desconhecido e admirar o céu e as estrelas. “É uma grande oportunidade para eu perseguir esse tipo de paixão que tenho, e agora talvez simplesmente voar entre as estrelas.”
Passagens pagas do próprio bolso
De acordo com a imprensa, a viagem custou cerca de 55 milhões de dólares (R$ 274 milhões) para cada passageiro.
Fundada em 2016 em Houston, Texas, pelo ex-gerente da Nasa Michael Suffredini e pelo empresário iraniano-americano Kam Ghaffarian, a Axiom Space tem planos ambiciosos no mercado espacial: construir sua própria estação, com o lançamento do primeiro módulo previsto para 2025.
Inicialmente conectada à ISS, a ideia é que ela se separe no futuro e orbite de forma independente. A ISS, por sua vez, deve ser aposentada por volta de 2030. A partir de então, a Nasa planeja enviar astronautas para estações particulares, que também hospedarão seus próprios clientes.
A Rússia recentemente concordou em estender seu uso da ISS até 2028, tendo ameaçado uma retirada anterior no ano passado, quando a guerra na Ucrânia azedou as relações entre o Kremlin e o Ocidente.
ip/lf (AFP, Lusa, ots)