O Spotify apresentou nesta quinta-feira (25) medidas adicionais para incentivar artistas e editoras a serem mais transparentes sobre o uso da inteligência artificial (IA) em suas produções e limitar certos abusos.

Acusada ela mesma em várias ocasiões de falta de transparência em matéria de IA, a plataforma sueca recomendou a músicos e produtores que se ajustem a um novo padrão desenvolvido pela organização profissional DDEX, que quantifica o uso dessa tecnologia.

Desde o início de 2025, o DDEX permite incluir na descrição de uma canção se foi feita completamente com IA, parcialmente ou se não houve utilização.

Uma vez integrados esses metadados (informações adicionais além dos dados básicos), “começaremos a mostrá-los no aplicativo”, prometeu Sam Duboff, diretor de marketing musical do Spotify.

O sistema funciona de forma voluntária e o Spotify não exige que quem sobe conteúdos na plataforma indique o papel da IA em sua produção.

“No começo, as pessoas tinham uma visão binária: é IA ou não é”, explicou durante uma apresentação Charlie Hellman, executivo do Spotify. “Mas, na realidade, vemos que é usada de muitas maneiras diferentes, em todas as etapas do processo”, continuou.

O Spotify não quer “punir os artistas que usam a IA de maneira autêntica e responsável”, disse Hellman.

Segundo Duboff, “mais de 15 selos e distribuidores” já se comprometeram com a plataforma a adotar a nomenclatura do DDEX.

Até agora, o Deezer é a única plataforma importante de áudio que sinaliza sistematicamente os títulos gerados inteiramente por inteligência artificial.

Em junho, a repentina popularidade do The Velvet Sundown, um grupo musical gerado por IA, trouxe o tema à tona. Uma de suas canções superou os três milhões de reproduções no Spotify.

Naquele momento, ao ser consultado pela AFP, o Spotify negou qualquer intenção de permitir que prosperem canções produzidas por IA para não pagar direitos autorais.

Quanto às músicas identificadas pelo Spotify como criadas integralmente por IA generativa, “sua audiência é mínima”, afirmou Duboff. “Realmente é uma pequena porcentagem de reproduções”.

“Em geral”, argumentou, “quando a música não requer muito esforço para ser criada, tende a ser de má qualidade e não encontra público”.

Em relação à IA, acrescentou, o Spotify quer enfrentar “atores mal-intencionados” que utilizam essa tecnologia para destacar seu conteúdo no aplicativo, especialmente manipulando algoritmos de busca e recomendação.

A plataforma também anunciou nesta quinta-feira que atualizou sua normativa para que fique “mais claro o fato de que não é permitido o uso de IA não autorizado, (…) de deepfakes ou outras réplicas ou imitações” sem acordo.

O conteúdo afetado “será eliminado do Spotify”, assegurou Duboff.