Por Christopher Bing e Raphael Satter

(Reuters) – Ferramentas de hacking de uma empresa israelense foram utilizadas contra jornalistas, figuras de oposição e organizações ativistas em pelo menos dez países –incluindo da Europa e América do Norte–, de acordo com novos relatórios publicados nesta terça-feira pela Microsoft e pelo Citizen Lab, um observatório da internet.

O Citizen Lab disse ter identificado cinco vítimas que tiveram iPhones hackeados por meio do uso do software de vigilância desenvolvido pela empresa israelense QuaDream –um concorrente menos conhecido da empresa de spyware israelense NSO Group, que foi colocada em lista de restrições pelo governo norte-americano por alegações de abuso.

A Microsoft disse acreditar com “alta confiança” que o spyware está “fortemente ligado à QuaDream”. A conselheira-geral associada da companhia, Amy Hogan-Burney, disse, em comunicado, que grupos de hackers mercenários como a QuaDream “prosperam nas sombras” e que expô-los publicamente é “essencial para interromper essa atividade”.

Os achados publicados nesta terça-feira pelas partes tiveram colaboração entre Microsoft e Citizen Lab.

A advogada israelense Vibeke Dank, cujo email está listado no formulário de registro da QuaDream, não respondeu a uma mensagem solicitando comentários. As repetidas tentativas da Reuters de entrar em contato com a QuaDream no ano passado –incluindo uma visita ao escritório da empresa nos arredores de Tel Aviv– não tiveram sucesso.

A Reuters noticiou em 2022 que a QuaDream havia desenvolvido anteriormente uma ferramenta de hacking que não necessita de interação, semelhante aos programas implantados pela NSO. Tais ferramentas de hacking, conhecidas como “zero clique”, podem comprometer dispositivos remotamente sem que o proprietário precise abrir um link malicioso ou baixar um anexo corrompido.

A NSO não retornou imediatamente a um pedido de comentários.

(Reportagem de Raphael Satter)

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