07/03/2022 - 23:54
A história de como o homem mais rico do mundo decidiu interferir na guerra da Ucrânia começa com uma provocação feita no Twitter. Vice-primeiro ministro do país invadido pela Rússia, Mykhailo Fedorov criticou Elon Musk: “Enquanto você tenta colonizar Marte, a Rússia tenta ocupar a Ucrânia”.
O sarcasmo do político foi acompanhado de um pedido de ajuda: “pedimos que você forneça as estações Starlink à Ucrânia”. Starlink é um projeto encabeçado pela SpaceX, que tem Musk como CEO e fundador, e pretende disponibilizar internet em todas as partes do mundo através de uma constelação de satélites – atualmente são pouco mais de 2 mil, número previsto para 4.425 em 2024.
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@elonmusk, while you try to colonize Mars — Russia try to occupy Ukraine! While your rockets successfully land from space — Russian rockets attack Ukrainian civil people! We ask you to provide Ukraine with Starlink stations and to address sane Russians to stand.
— Mykhailo Fedorov (@FedorovMykhailo) February 26, 2022
Assim, mesmo com o bombardeio russo sobre a Ucrânia, cidadãos do país conseguem acessar a internet através do serviço disponibilizado gratuitamente pela empresa de Musk – no Brasil, por exemplo, quem quiser assinar o serviço deve pagar um total de R$ 5.167, o que inclui o kit com antena, cabos, fonte de energia, roteador de Wi-Fi, mensalidade de R$ 530, impostos e frete de entrega do equipamento.
Relatos divulgados em redes sociais mostram o funcionamento da internet da Stalink com velocidade de 136 mega bites por segundo (mbps) na Ucrânia. A qualidade da navegação deve aumentar assim que mais satélites integrarem o ambicioso projeto espacial.
Success!
SpaceX Starlink is working in Kyiv, Ukraine!
The Dishy was placed just outside my window, even without adjustments.Thanks, @SpaceX team, for your support 🙂
cc @FedorovMykhailo pic.twitter.com/oX09RL5wBh
— Oleg Kutkov (@olegkutkov) February 28, 2022
Para usar a internet da Starlink é preciso o equipamento, que chegou não se sabe como à Ucrânia. Em entrevista ao site Space News, Musk desconversou e disse que “gostaria de poder dizer mais. Estranho que a SpaceX pode fazer isso (enviar o equipamento de acesso à internet a um país em guerra)”.
Starlink — here. Thanks, @elonmusk pic.twitter.com/dZbaYqWYCf
— Mykhailo Fedorov (@FedorovMykhailo) February 28, 2022
Porém, apesar do acesso à internet via Starlink permitir a divulgação de vídeos, fotos, relatos em tempo real e de contar a história do massacre russo na Ucrânia sem a dependência de servidores russos, Musk pediu cuidado. Ele pediu, também no Twitter, que usuários usem o serviço apenas quando necessário e alertou ao uso de camuflagem sobre a antena para evitar detecção visual pelo exército russo.
“A Starlink é o único sistema de comunicações não russo operando em algumas partes da Ucrânia, então a probabilidade de se tornar um alvo é alta. Por favor, usem com cautela”, alertou Musk.
Some Starlink terminals near conflict areas were being jammed for several hours at a time. Our latest software update bypasses the jamming.
Am curious to see what’s next!
— Elon Musk (@elonmusk) March 5, 2022
Neste final de semana, a SpaceX priorizou a defesa cibernética de seu serviço e conseguiu resolver a interferência de sinal que atrapalhava o funcionamento da Starlink na Ucrânia. Segundo comentários de Musk no Twitter, alguns terminais Starlink próximos a áreas de conflito estavam sendo bloqueados, o que foi resolvido com uma atualização de software.
Musk ainda negou o bloqueio de notícias russas pela Starlink.”Alguns governos (não a Ucrânia) pediram à Starlink que bloqueie as fontes de notícias russas. Não o faremos a menos que apontem um revólver contra a nossa cabeça”, afirmou o magnata no Twitter. “Lamento ser um absolutista da liberdade de expressão”.
SpaceX reprioritized to cyber defense & overcoming signal jamming.
Will cause slight delays in Starship & Starlink V2.
— Elon Musk (@elonmusk) March 5, 2022