A história de como o homem mais rico do mundo decidiu interferir na guerra da Ucrânia começa com uma provocação feita no Twitter. Vice-primeiro ministro do país invadido pela Rússia, Mykhailo Fedorov criticou Elon Musk: “Enquanto você tenta colonizar Marte, a Rússia tenta ocupar a Ucrânia”.

O sarcasmo do político foi acompanhado de um pedido de ajuda: “pedimos que você forneça as estações Starlink à Ucrânia”. Starlink é um projeto encabeçado pela SpaceX, que tem Musk como CEO e fundador, e pretende disponibilizar internet em todas as partes do mundo através de uma constelação de satélites – atualmente são pouco mais de 2 mil, número previsto para 4.425 em 2024.

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Assim, mesmo com o bombardeio russo sobre a Ucrânia, cidadãos do país conseguem acessar a internet através do serviço disponibilizado gratuitamente pela empresa de Musk – no Brasil, por exemplo, quem quiser assinar o serviço deve pagar um total de R$ 5.167, o que inclui o kit com antena, cabos, fonte de energia, roteador de Wi-Fi, mensalidade de R$ 530, impostos e frete de entrega do equipamento.

Relatos divulgados em redes sociais mostram o funcionamento da internet da Stalink com velocidade de 136 mega bites por segundo (mbps) na Ucrânia. A qualidade da navegação deve aumentar assim que mais satélites integrarem o ambicioso projeto espacial.

Para usar a internet da Starlink é preciso o equipamento, que chegou não se sabe como à Ucrânia. Em entrevista ao site Space News, Musk desconversou e disse que “gostaria de poder dizer mais. Estranho que a SpaceX pode fazer isso (enviar o equipamento de acesso à internet a um país em guerra)”.

Porém, apesar do acesso à internet via Starlink permitir a divulgação de vídeos, fotos, relatos em tempo real e de contar a história do massacre russo na Ucrânia sem a dependência de servidores russos, Musk pediu cuidado. Ele pediu, também no Twitter, que usuários usem o serviço apenas quando necessário e alertou ao uso de camuflagem sobre a antena para evitar detecção visual pelo exército russo.

“A Starlink é o único sistema de comunicações não russo operando em algumas partes da Ucrânia, então a probabilidade de se tornar um alvo é alta. Por favor, usem com cautela”, alertou Musk.

Neste final de semana, a SpaceX priorizou a defesa cibernética de seu serviço e conseguiu resolver a interferência de sinal que atrapalhava o funcionamento da Starlink na Ucrânia. Segundo comentários de Musk no Twitter, alguns terminais Starlink próximos a áreas de conflito estavam sendo bloqueados, o que foi resolvido com uma atualização de software.

Musk ainda negou o bloqueio de notícias russas pela Starlink.”Alguns governos (não a Ucrânia) pediram à Starlink que bloqueie as fontes de notícias russas. Não o faremos a menos que apontem um revólver contra a nossa cabeça”, afirmou o magnata no Twitter. “Lamento ser um absolutista da liberdade de expressão”.