Ter uma casa na praia ou no campo, mas sem gastar tanto. Essa é a proposta básica da startup MyDoor, que vende cotas de residências de luxo para que os proprietários compartilhem o imóvel.

Os clientes, em geralde alto padrão, pagam por cotas que variam de R$ 400 mil a R$ 5 milhões, para usar as casas por um número determinado de dias no ano.

A ideia surgiu quando o engenheiro Roberto Pinheiro, fundador e CEO da empresa, identificou que, além de investir muito na compra do imóvel, quem buscava por uma segunda residência precisava arcar com manutenções constantes, sem contar com o fato de sempre estar “preso” ao mesmo endereço.

“Um negócio que era para ser prazeroso acaba sendo uma dor de cabeça.” Pinheiro diz que se inspirou em um modelo parecido visto no mercado americano. As residências operadas pela companhia custam entre R$ 5 milhões e R$ 20 milhões.

“Quando a pessoa tem uma casa, ela está presa a somente um destino. Neste formato, ela pode ter cotas em diferentes locais”, explica Pinheiro.

A divisão dos imóveis varia de acordo com cada local, e pode ir de dois a até oito donos – ou “sócios”, como a empresa prefere se referir a eles.

Isso porque, para tornar o modelo juridicamente funcional, cada casa é transformada em uma empresa no modelo de sociedade anônima, com CNPJ próprio e regras de utilização, venda e compra definidas em estatuto interno.

Cada novo morador compra um número de ações da companhia, correspondente a sua fração da casa. Se alguém adquire um oitavo de um imóvel, por exemplo, tem direito a 12% de uso no ano ou 44 dias.

MANUTENÇÃO

Toda a gestão dos imóveis é realizada pela MyDoor. Aí se incluem pagamento de contas, manutenção e limpeza e decoração dos ambientes. Os proprietários pagam uma mensalidade, que varia de acordo com os custos de cada local.

A empresa foi criada no final de 2021, mas começou a operar somente em meados do ano seguinte. Até o momento, a companhia possui 24 imóveis, sua maioria em São Paulo e na Bahia. Há também imóveis no Rio Grande do Norte e em Alagoas.

Para José Sarkis Arakelian, professor da FAAP e consultor em estratégia de marketing, o modelo atende bem uma demanda específica do setor imobiliário e está alinhado a uma lógica econômica de serviços, onde se paga pelo uso de um produto ou serviço e não pela posse somente: “Essa modelagem de negócios já existe em bens mais específicos e ainda mais exclusivos, como aviões e helicópteros, por exemplo”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.