26/02/2018 - 12:40
Um dos primeiros movimentos de defesa da renovação política no Brasil, a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps) considera que o cenário atual é ainda o da resistência do “status quo”, apesar da preferência da população pelo surgimento de novas lideranças, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.
“Toda a legislação eleitoral fortalece o poder burocrático das estruturas partidárias, que não têm democracia interna para garantir que novos nomes não sejam relegados ao segundo, terceiro, quarto plano”, afirmou Marcos Vinícius de Campos, diretor do grupo criado em 2012.
“Quem vai ter acesso ao tempo de TV e ao dinheiro do fundo eleitoral e do Fundo Partidário? Nenhum partido vai garantir igualdade de acesso a seus candidatos”, concluiu.
Entre os fatores que dificultam a renovação, Campos cita a reforma política feita em 2015, quando Eduardo Cunha (MDB), hoje preso, presidia a Câmara dos Deputados. Uma das mudanças foi a redução do tempo de campanha, de 90 para 45 dias. “Os novos ficarão em condições extremamente desiguais”, disse. “Não é improvável que haja uma renovação menor, se depender desse critério.”
Durante evento da Raps no fim de semana, o fundador do grupo, Guilherme Leal – um dos controladores da Natura e candidato à vice-presidente na chapa de 2010 de Marina Silva (Rede) -, declarou que a “a intenção do status quo é se manter”.
“As pesquisas divulgadas nos jornais mostram que existe uma vontade de buscar uma renovação política de lideranças. Se as forças estabelecidas vão permitir e querem isso, é difícil dizer. A maioria da intenção do status quo é se manter”, disse. “Mas as brechas estão aí, os movimentos estão se multiplicando.”
Segundo o empresário, a Raps tem a esperança de que este ano possa ser pelo menos o início de um processo de transformação.
Atualmente, cerca de 200 membros da Raps devem disputar um mandato. O número inclui a maior parte das 102 novas lideranças que a rede apresentou no evento realizado no Hotel Renaissance, em São Paulo.
A expectativa declarada é que eles elejam entre 60 e 70 nomes, incluindo governadores. Só no Congresso Nacional – o grande foco do grupo em 2018 – a Raps quer ajudar a eleger entre 40 e 50 pessoas. Para isso, a organização contribui com planejamento e estratégia de campanha.
Atividades
Neste domingo, 25, os novos líderes foram divididos em grupos para tratar de cinco temas: estratégias, campanha digital, equipe e coordenação, mobilização e legislação eleitoral.
No sábado, dia 24, a maioria dos novos membros participou de jantar na casa de Guilherme Leal.
Em 2016, a Raps elegeu oito prefeitos, um vice-prefeito e 14 vereadores, de um total de 73 candidatos.
Diferentemente de outros grupos favoráveis à renovação, a Raps aceita nomes que já estão na política. Eles compõem cerca de um terço dos selecionados de cada turma.
Alguns exemplos de membros que têm cargo ou mandato são o senador Randolfe Rodrigues (Rede), o deputado estadual Carlos Bezerra Jr. (PSDB) e o secretário estadual da Agricultura de São Paulo, Arnaldo Jardim (PPS).
O grupo também inclui o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero – pivô da queda do também ex-ministro Geddel Vieira Lima, atualmente preso -, João Henrique Lima Campos – um dos filhos do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em acidente de avião em 2014 – e Rogério Chequer (Novo), ex-líder do movimento Vem Pra Rua.