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O empresário Marco Stefanini, 50 anos, já perdeu as contas das vezes em que esteve nos Estados Unidos. Mas a viagem que fez para lá nesta semana tinha um sabor especial. 

 

O empresário, que em pouco mais de duas décadas construiu um império na área da tecnologia da informação, selou na segunda-feira 13 a compra da TechTeam, empresa de suporte técnico e serviços de gerenciamento de infraestrutura de tecnologia com sede em Southfield, no Estado de Michigan. 

 

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“Hoje estamos presentes em 16 países”

Marco Stefanini >Presidente da Stefanini IT Solution

 

A Stefanini concorreu com outras sete candidatas à aquisição da TechTeam e sua proposta de US$ 94 milhões foi a vencedora. ?Estávamos de olho na TechTeam há pelo menos dois anos e a aquisição era fundamental para levar adiante nossa estratégia?, disse Stefanini à DINHEIRO, pouco antes de embarcar. 

 

A estratégia a que ele se refere é clara: a Stefanini IT Solution, que hoje administra desde help desk até a confecção de folhas de pagamento e contas a pagar e a receber, entre outros serviços,  precisa ampliar sua presença em mercados como o norte-americano e o europeu para atender sua carteira de clientes globais. Entre eles há nomes como Ford, Alcoa, Caterpillar, Motorola, Dell e bancos do porte de HSBC e Santander.  E não é só. 

 

Aqui no Brasil, a companhia fundada por ele em 1987 tem empresas brasileiras cuja atuação internacional só faz crescer. ?Hoje, a Stefanini tem 12 clientes globais e a TechTeam tem outros dez. 

 

É um reforço considerável na nossa carteira e em termos de presença internacional.? Antes da aquisição, a estimativa do empresário era encerrar 2010 com receita na casa dos R$ 820 milhões. Com a incorporação da norte-americana, o faturamento ultrapassa R$ 1 bilhão. 

 

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De acordo com Stefanini, os recursos para a compra da TechTeam sairão de empréstimo tomados junto a duas instituições bancárias. ?Nosso endividamento hoje é zero, então temos toda a segurança do mundo para dar esse passo.?

 

Além do reforço no caixa, a chegada da TechTeam aumenta os números do grupo brasileiro em outras áreas. A empresa americana tem 2,3 mil funcionários, opera em 16 países e tem 80 clientes no total. 

 

?Somando as duas estruturas, passaremos a ser um time de 12 mil funcionários, com presença em 27 países e oferta de serviços em 32 idiomas.? A principal aposta do empresário é na prestação de serviços a partir de bases nesses países. 

 

?Dependendo de onde está o seu cliente, você oferece uma base com a menor diferença possível de fuso horário. Isso tem um reflexo enorme nos custos de operação?, explica Stefanini, referindo-se especialmente aos serviços de help desk e gerenciamento de redes de informática. 

 

?A capilaridade é um dos principais segredos do sucesso da Stefanini?, afirma Reinaldo Roveri, gerente de pesquisa da IDC, consultoria especializada em tecnologia. ?Eles estão em Aracaju, Sergipe, em Jaguariúna, interior de São Paulo. Ou seja, têm presença onde outros grandes players não estão?, completa Roveri. 

 

A compra da companhia norte-americana é, na verdade, reflexo de uma agressiva política de aquisições implementada por Stefanini desde que fundou sua empresa. A primeira bandeira fincada fora das fronteiras brasileiras foi na Argentina, com a abertura de uma subsidiária, em 1996. 

 

Hoje, a Stefanini tem uma lista considerável de endereços internacionais. Nos EUA, a empresa atua desde 2001. São quatro escritórios com 300 funcionários que atendem 30 clientes. Agora, o jogo mudou de patamar.  

 

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Além da distribuição geográfica, a Stefanini também atua em vários mercados ? o mais importante é a terceirização de serviços de TI, ou outsorcing, no jargão do mercado. Também cuida da manutenção de redes e servidores. 

 

Um mercado que deve encerrar o ano com R$ 21 bilhões em receita ? o que representa crescimento de 8,5% sobre 2009, segundo dados do IDC. A compra da TechTeam, porém,  marca uma mudança na estratégia de crescimento da companhia brasileira. ?Hoje, estamos em 16 países e sempre começamos do zero. 

 

No Brasil, fizemos algumas aquisições, mas porque foram oportunidades que surgiram?, explica o empresário. As duas últimas compras que ele fez por aqui foram a Vanguarda, empresa de governança em TI, com sede no Recife, e a Sunrising Consulting, empresa especializada em softwares, com sede em São Paulo. ?Sempre disse que sou filho da crise porque comecei a vida nos anos 80, ou a década perdida. Com a compra da TechTeam, acho que vou mudar esse meu bordão?, afirma Stefanini. 

 

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