22/07/2022 - 20:01
Júri decidiu punir aliado de Trump por se recusar a comparecer a depoimento e a fornecer documentos à comissão que investiga a invasão do Capitólio. Ele poderá ter que cumprir até dois anos de prisão.Steve Bannon, um aliado próximo e ex-assessor do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, foi condenado nesta sexta-feira (22/07), por um júri em Washington, por dois desacatos contra a comissão do Congresso americano que investiga a invasão do Capitólio, ocorrida em 6 de janeiro de 2021.
Ele foi considerado culpado por se recusar a comparecer a um depoimento e se recusar a fornecer documentos requisitados pela comissão. Ele poderá ficar até dois anos preso e ser obrigado a pagar uma multa de até 200 mil dólares – a sentença final ainda não foi divulgada.
É a primeira condenação de um assessor próximo de Trump que ocorre como resultado da investigação sobre o ataque ao Capitólio.
Bannon desempenhou um papel importante na bem-sucedida campanha presidencial de Trump em 2016 e é um líder do movimento de extrema direita nos Estados Unidos.
Ele foi nomeado estrategista-chefe da Casa Branca em 2017, cargo que exerceu por alguns meses até ser demitido e romper com Trump. Depois, os dois se reaproximaram.
O que aconteceu durante o julgamento?
A defesa de Bannon tentou argumentar que ele havia se tornado avo de um ataque com motivação política por parte dos democratas. Evan Corcoran, um dos seus advogados, disse: “A pergunta é: 'Por quê? Por que Steve Bannon foi escolhido?”
O Ministério Público rejeitou essa alegação e disse que o aliado de Trump tinha que ser responsabilizado por seu desacato à autoridade do Congresso e da comissão que investiga o ataque ao Capitólio.
A promotora Molly Gaston disse aos jurados que o ataque representava um “dia escuro” para os Estados Unidos, e acrescentou: “Não há nada de político em descobrir por que o 6 de janeiro ocorreu e garantir que isso não volte a acontecer.”
Os jurados precisaram de menos de três horas para chegar à decisão unânime.
O veredito contra Bannon é a primeira acusação bem sucedida por desacato ao Congresso americano desde que G. Gordon Liddy foi condenado em 1974 por seu papel no escândalo Watergate, que levou à renúncia do ex-presidente Richard Nixon.
Por que o Congresso intimou Bannon?
O Congresso tinha razões para acreditar que Bannon, que na época assessorava Trump de forma não oficial, estaria envolvido no planejamento e na arrecadação de fundos para ajudar o então presidente americano a tentar reverter o resultado da eleição de 2020, vencida por Joe Biden.
O comitê o intimou a entregar documentos e comunicações relacionados a Trump e a seus aliados, como Rudy Giuliani, e grupos de extrema direita, como o Proud Boys e o Oath Keepers, que também estavam no Capitólio em 6 de janeiro.
Bannon inicialmente alegou que estaria sob a proteção do privilégio executivo, que impede a divulgação de conversas entre presidente e assessores, como desculpa para não comparecer à audiência, mas o comitê rejeitou a alegação porque ele não era formalmente empregado pela Casa Branca na época do motim.
Meses após se recusar a cumprir a intimação, o ex-conselheiro presidencial concordou em cooperar, mas os promotores descreveram essa iniciativa como uma “última tentativa de evitar a responsabilização”.
bl (Reuters, AP)