23/08/2025 - 7:46
Deputada perseguiu eleitor de Lula com arma em punho na véspera da eleição de 2022. Também condenada por invasão ao sistema do CNJ, ela permanece detida na Itália enquanto tramita seu processo de extradição.O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta sexta-feira (22/08), por 9 votos a 2, a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) a cinco anos e três meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo. A decisão cabe recurso.
Esta é a segunda sentença contra Zambelli. Em maio, ela foi condenada por unanimidade a 10 anos de prisão e perda de mandato pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrida em 2023, e está detida em Roma, na Itália, enquanto corre o processo de extradição.
No caso encerrado nesta sexta-feira, a parlamentar é ré pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e, acompanhada de seu segurança, perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.
A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Prevaleceu no julgamento o voto proferido pelo relator, ministro Gilmar Mendes. Nunes Marques e André Mendonça apresentaram divergências.
Ambos votaram pela absolvição quanto ao crime de porte ilegal de arma de fogo. No entanto, enquanto Marques desqualificou o crime de constrangimento ilegal, Mendonça propôs oito meses de prisão em regime aberto.
Defesa acusa perseguição política
Em nota à imprensa, o advogado Fábio Pagnozzi declarou que Zambelli manifesta “surpresa e profundo desacordo” com a condenação.
Segundo a defesa, a condenação será “firmemente contestada” por violar princípios básicos do devido processo legal e por revelar “interpretação extensiva e arbitrária da competência da Suprema Corte”.
“A deputada reafirma sua inocência e que é vítima de perseguição política, justo às vésperas de seu pedido de extradição, em um julgamento recorde”, disse o advogado.
Parlamentar está detida na Itália
Zambelli está detida cautelarmente na Itália para fins de extradição. Ela havia fugido ao país europeu logo após sua primeira condenação e teve seu nome inserido na lista de pessoas procuradas da Interpol.
O STF a condenou por ser a autora intelectual da invasão aos sistemas do CNJ para emissão de um mandato falso de prisão contra Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Apesar de ser cidadã da Itália, Zambelli pode ser extraditada ao Brasil devido a acordos de cooperação entre os dois países. A Justiça italiana terá ainda que analisar o pedido de extradição e avaliar se preenche os pré-requisitos estabelecidos.
Na última sexta-feira, o Tribunal de Apelações de Roma negou a conversão da prisão em domiciliar e determinou a realização de uma perícia médica para avaliar o estado de saúde da parlamentar. Sua defesa afirmou que ela está em greve de fome.
gq (Agência Brasil, OTS)