03/09/2018 - 8:00
Em 2015, John Lubber era a cabeça por trás do Campless, site que por meio da coleta da dados do eBay, trazia todo o tipo de estatística sobre o mercado de sneakers.
Mas o que é um sneaker? Em tradução literal, significa apenas tênis para a prática de esporte. Porém, há tempos que a peça de roupa deixou de ser apenas isso para um produto de colecionador, como camisetas de futebol ou relógios.
Desde que Michael Jordan criou a linha Air Jordan sneakers começaram a se tornar objeto de desejo, seja por seus diferentes estilos, ou pelo número limitado de pares colocados à venda, se tornou uma obsessão.
E a obsessão se tornou grande ao ponto de virar um negócio extremamente lucrativo, e é ai que John Lubber volta para a nossa história. Lembra de seu site que criava estatísticas de variação de preços de sneaker através de oferta e demanda? Hoje ele cresceu e se tornou o StockX, site que funciona como uma bolsa de valores de sneakers.
Para concretizar a ideia, Luber teve o suporte financeiro de Dan Gilbert, dono do time de NBA Cleveland Cavaliers, que enxergou no Campless uma maneira de investir em um hobbie que enxergava como um mercado. Expandiu a ideia de uma database de variação de preço de sneakers e criou um mercado próprio baseado nas informações que coletava.
Após dois anos da StockX no ar, a empresa realizou uma rodada de investimentos que trouxe nomes como Mark Wahlberg, Eminem, além de diversos jogadores de esportes americanos em um total de US$ 6 milhões arrecadados na rodada.
Como funciona?
Lá é possível comprar e vender todo o tipo de tênis, dar lances em modelos raros e acompanhar o histórico de preços. É a base de um mercado de revenda que movimenta mais de US$ 1 bilhão ao ano segundo a Forbes (já a StockX diz que ele gira em torno de US$ 6 bilhões). O número é baixo perto US$ 38 bilhões do total de vendas de tênis nos Estados Unidos. No entanto, aqui é a especulação que importa.
Assim como no mercado de ações tradicional, é possível especular preços e ficar atento quanto a fraudes. A falsificação, aliás, é um dos maiores problemas do mercado e um dos pontos onde a StockX luta para manter a integridade de seu serviço.
Em um mercado baseado na raridade do produto, a autenticidade é vital para a legitimidade do mercado. Por conta disso, a StockX criou um sistema de verificação. Nele, o vendedor não posta foto de seu produto, apenas o tamanho do tênis e seu modelo, que entra para a database do sistema. Lá, poderá ser comprado pelo preço colocado pelo vendedor, ou aceitar alguma oferta colocado por diversos compradores. Com o negócio fechado, o produto é enviado para a central da StockX em Detroit, e é lá que a empresa garante sua credibilidade.
Em um sistema desenvolvido por um ex-funcionário de logística da Delta Airlines, o produto chega ao local e passa por uma série de inspeções, que vão desde a análise do quão alto está apontando o logo da Nike, passando pelo tamanho do logo do Air Jordan até o padrão das solas Boost da Adidas. Algumas vezes, os responsáveis pela autenticação identificam a falsificação pelo cheiro da cola usada para unir parte do tênis. Tudo para conseguir encontrar os erros em produtos com grau de falsificação de apenas 5%.
Vale a pena investir no mercado?
Se você quiser um investimento alto, mas com retorno garantido, recomendamos os Yeezys, sneakers criados pelo rapper Kanye West, um dos favoritos dos “Sneakerheads”. Se na data de lançamento você tivesse comprado um Adidas Yeezy Boost 350 V2 Beluga e vendesse ele hoje (28/08), teria obtido um lucro de 227,3%.
Para efeito de comparação, as ações da Netflix no primeiro semestre de 2018 tiveram crescimento meteórico de 104%. Apesar do resultado impressionante, não chegam perto do investimento em um Yeezy.
A StockX também já sinalizou que pode também pode começar a fazer “IPO’s” de tênis, como aconteceu com o relançamento de 23 pares do Nike LeBron James 14 e mais 14 unidades do modelo usado pelo jogador em sua primeira temporada da NBA. Os lances para obter um dos 46 modelos relançados puderam ser feitos durante três dias. Ao final do período, todos os pares foram vendidos por uma média de US$ 6 mil. Depois do processo, a StockX permitiu que sete compradores pudessem re-vender o produto sem nunca ter tocado nele, como ações no mercado tradicional.
A StockX começou com sneakers, mas nos últimos tempos também abriu seu site para vender outros produtos. Bolsas Gucci e Louis Vuitton, assim como relógios Rolex são outras mercadorias de luxo (e colecionáveis) que começaram a pipocar na plataforma de vendas, e já enfrentam a flutuação da oferta e demanda como todo o resto do site. O limite? Para o fundador Josh Lubber, a única coisa que separa a StockX de revender vídeo games e qualquer outra coisa é o processo de autenticação. Sem a certeza de estar comprando algo verdadeiro, todo o mercado por trás destes produtos cai por água abaixo.