SÃO PAULO (Reuters) – A safra 2022/23 de soja no Brasil foi estimada em recorde de 154,35 milhões de toneladas, de acordo com relatório publicado nesta terça-feira pela consultoria StoneX, que elevou em 0,3% sua projeção ante o número de outubro, com um ajuste na área plantada em alguns Estados e tempo favorável.

De outro lado, a consultoria reduziu em 4 milhões de toneladas a projeção de exportações da oleaginosa 22/23 do Brasil, maior exportador e produtor global, citando preocupações com a demanda da China.

O ajuste positivo na safra decorreu da revisão da área plantada em Goiás e Minas Gerais, com o total nacional superando os 43 milhões de hectares.

“O clima até o momento não tem trazido ameaças, com o potencial de se alcançar um recorde absoluto mantido”, disse a especialista de inteligência de mercado da StoneX, Ana Luiza Lodi, em nota.

Na safra passada, atingida pela seca, o Brasil produziu 127,2 milhões de toneladas.

Apesar das expectativas positivas, os próximos meses ainda serão definitivos para o tamanho da safra da oleaginosa, devido ao momento de influência do La Niña pelo terceiro ano consecutivo.

Caso os 150 milhões de toneladas de produção sejam superados na safra 2022/23, o balanço de oferta e demanda da soja deve ter espaço para uma folga maior, mesmo com o consumo (doméstico e externo) aumentando.

“Em relação às exportações, a demanda chinesa preocupa, uma vez que país tem mantido os lockdowns estritos para combater a Covid-19, o que motivou uma redução da estimativa da StoneX, de 100 milhões para 96 milhões de toneladas”, disse a especialista.

MILHO

A consultoria ainda elevou a projeção da produção total de milho do Brasil para 129,9 milhões de toneladas, também um recorde, prevendo um aumento na área da segunda safra, a maior do país para o cereal.

Nesta terça-feira, a StoneX divulgou sua primeira estimativa para a segunda safra, apontando 99,1 milhões de toneladas, 4,5% acima do estimado para a safra 2021/22.

“A maior parte desse aumento deverá ser puxada pela expansão da área destinada ao cereal. Nos últimos anos, registrou-se um firme crescimento da área plantada, tendência que deve continuar sendo observada”, disse, estimando aumento em torno de 3,6% do número brasileiro em comparação com a temporada 2021/22, para 17,9 milhões de hectares.

O analista de inteligência de mercado da StoneX, João Pedro Lopes, ponderou o ciclo de inverno é mais arriscado e que as estimativas estão sujeitas a revisões significativas.

Para a primeira safra de milho 2022/23, mais uma vez a única alteração realizada pelo grupo foi na estimativa de produção de Minas Gerais. A área plantada no Estado recebeu um corte de 12,3% em relação ao número estimado em outubro, para 600 mil hectares.

Com isso, a produção mineira recuou na mesma proporção, para 4,8 milhões de toneladas, volume 25,5% menor que o registrado na temporada 2021/22.

Desse modo, a estimativa para a safra de verão 2022/23 de milho caiu para 28,6 milhões de toneladas, contra 29,25 milhões no relatório anterior.

Já as exportações foram elevadas para 46 milhões de toneladas, ao passo que o consumo doméstico avançou para 81 milhões, crescimento de 1 milhão de toneladas em relação ao número anterior em ambos os casos.

(Por Roberto Samora)

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