03/10/2022 - 14:23
SÃO PAULO (Reuters) – A primeira safra de milho de Minas Gerais, maior Estado produtor do cereal na colheita de verão, foi reduzida em 10% com um ajuste na área plantada do ciclo 2022/23, disse a consultoria StoneX em relatório mensal nesta segunda-feira.
A área plantada de milho em Minas Gerais está agora estimada em 684 mil hectares pela StoneX, 15% abaixo do observado na safra 2021/22, com a consultoria citando insumos mais caros, que levam a uma migração de área para a soja, cujos custos de produção são relativamente mais baixos.
Com isso, a expectativa de produção em Minas Gerais recuou para 5,47 milhões de toneladas, pressionando a colheita nacional para 29,25 milhões de toneladas, 2% abaixo do número indicado no mês anterior, disse a StoneX sobre a safra que está sendo plantada.
“Essa redução (na área plantada) pode ser explicada por um encarecimento dos insumos para a produção de milho”, disse o analista de inteligência de mercado da StoneX, João Pedro Lopes, à Reuters.
“Fornecedores desses insumos, como sementes, já têm relatado uma menor procura e a expectativa é que haja alguma migração da área que antes seria destinada para o milho para outra cultura, como soja, que tem um custo proporcionalmente menor com fertilizantes, por exemplo”, acrescentou ele.
No mês passado, a StoneX já havia reduzido a previsão de área plantada em Minas Gerais, citando os mesmos motivos.
O Estado, ainda assim, poderá produzir mais milho no verão do que o Rio Grande do Sul, que faz apenas uma safra de milho por ano, com produção estimada em 5,38 milhões de toneladas.
A área de milho do Brasil deverá recuar agora para 4,24 milhões de hectares na primeira safra, ante 4,49 milhões de hectares na temporada passada.
Já a produção, estimada em 29,3 milhões de toneladas considerando o corte em Minas Gerais, representa alta anual de 10,6%, com expectativa de aumento na produtividade, especialmente no Rio Grande do Sul, seriamente atingido pela seca no ciclo anterior.
A primeira safra de milho do Brasil responde por cerca de um quarto da produção total do país, que aposta no cereal na colheita de inverno. No verão, os campos são dominados pela soja, cuja expectativa de produção foi elevada pela StoneX nesta segunda-feira.
Até o momento, o plantio está ocorrendo em um ritmo dentro da normalidade. Contudo, alguns riscos causam apreensão entre os agentes, disse Lopes, citando o clima no Brasil sendo influenciado pelo La Niña mais uma vez.
SEGUNDA SAFRA
Apesar da redução na estimativa da primeira safra, as perspectivas seguem apontando para um crescimento no comparativo anual na colheita total de milho do Brasil, considerando a hipótese de uma produção maior na segunda safra de Mato Grosso.
A StoneX explicou em relatório que promoveu um aumento na safra de inverno 2021/22 do Mato Grosso, que subiu de 42,1 milhões para 44 milhões de toneladas. Como os números por Estado da segunda safra 2022/23 ainda estão repetindo o mesmo nível estimado para o ciclo anterior, compensou-se a redução na produção da primeira safra.
Assim, a previsão da produção total do Brasil passou de 125,1 milhões de toneladas na previsão de setembro para 126,3 milhões de toneladas em 2022/23.
Na safra anterior, o Brasil produziu um recorde de 123,5 milhões de toneladas.
(Por Roberto Samora)