A série Stranger Things, da Netflix, chegou a ter um impacto bilionário no PIB dos Estados Unidos e se tornou uma das produções que mais trouxe dinheiro aos cofres de empresas de streaming na história.

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Com a temporada final lançada no final de novembro, a série gerou mais de US$ 1 bilhão em receita direta, segundo dados da consultoria Parrot Analytics – isto é, apenas receita atrelada à capacidade da série de atrair novos assinantes e reter os antigos.

Esse montante inclui milhões de novos cadastros promovidos pela popularidade da série, transformando-a num dos títulos mais rentáveis da história da plataforma.

Com a quinta temporada, estimativas indicam que esse total pode ultrapassar US$ 2 bilhões em receita direta global;

Mas a receita associada a Stranger Things não se limita ao streaming. A série se transformou em marca, abrindo espaço para parcerias comerciais e licenciamento com empresas de diversos setores. Tênis, roupas, brinquedos, doces e até alimentos têm versões inspiradas na série em colaborações com grandes marcas.

Estima-se que essa cadeia de produtos licenciados já movimente entre US$ 200 milhões e US$ 500 milhões, com parte dos lucros revertida à Netflix por meio desses acordos de licenciamento – algo entre 5% e 25%, a depender do produto e do contrato de licenciamento.

As operações da série também geraram efeitos diretos na economia dos locais de produção. No total foram 8 mil empregos de produção diretos gerados – incluindo fotógrafos, maquiadores, cineastas e profissões correlatas, sustentando uma cadeia produtiva diversificada.

De acordo com estimativas da própria Netflix, a série contribuiu com mais de US$ 1,4 bilhão ao PIB dos Estados Unidos, sendo que aproximadamente US$ 650 milhões beneficiaram diretamente a economia da Geórgia, estado que abrigou a maior parte das gravações.

Ao longo de cinco temporadas e 42 episódios, a Netflix também contratou mais de 3,8 mil fornecedores de quase todos os estados para fornecer bens e serviços para a produção.

Para a quarta temporada, por exemplo, apenas nesse estado foram registrados gastos diretos de mais de US$ 190 milhões com mão de obra, locações, transportes, hospedagem e demais serviços locais.

Custo alto, retorno alto

Parte do sucesso econômico da série está no orçamento robusto: a quinta temporada teve custo estimado entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões por episódio, resultando num gasto total entre US$ 400 milhões e US$ 480 milhões.

Esse investimento alto só faz sentido se o retorno for proporcional – e os números mostram que foi. A popularidade da série, combinada com a presença da marca em produtos licenciados, cria múltiplas fontes de receita.

Especialistas apontam que Stranger Things representa para a Netflix uma espécie de franquia integral: conteúdo, assinantes, licenciamentos, merchandising e turismo.

Além disso, a produção impulsionou o turismo em locais de filmagem. Cidades e regiões da Geórgia que serviram de cenários para a série registraram aumento nas buscas por parte de fãs interessados em visitar os locais reais.

Stranger Things gerou ‘Momento Star Wars’

A série ajudou a consolidar a reputação da Netflix como uma empresa que faz grandes apostas em ideias originais – sendo o principal emblema de que títulos feitos pela própria empresa conseguem fazer um sucesso estrondoso.

Outras séries da Netflix como House of Cards já haviam mostrado a capacidade da companhia de angariar público, todavia a série dos irmãos Duffer superou todos os casos anteriores.

O co-CEO da companhia, Ted Sarandos, chegou a declarar que o sucesso da série e do lançamento da última temporada fez com que a companhia ficasse perto do seu’ momento momento Star Wars’.

“É uma série e são personagens que movem a cultura, que geraram eventos ao vivo, produtos licenciados, derivados e continuações… Desde o primeiro episódio da primeira temporada até ‘The First Shadow’, o espetáculo da Broadway que conta a história de origem do Mundo Invertido, tudo isso tem sido – e continua sendo – uma contribuição notável para a cultura do entretenimento”, declarou Sarandos à imprensa.