20/05/2011 - 5:18
O ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, indiciado por crimes sexuais, saiu esta sexta-feira da penitenciária de Rikers Island para cumprir prisão domiciliar em um apartamento de Manhattan, depois que um juiz ordenou que fosse libertado sob fiança.
Strauss-Kahn “deixou nossa custódia em Rikers Island e se encontra em mãos da companhia de segurança” encarregada de controlar sua prisão domiciliar, afirmou na tarde desta sexta-feira à AFP Stephen Morello, funcionário da prisão nova-iorquina.
O ex-diretor do FMI foi indiciado na véspera pelas sete acusações apresentadas pela promotoria, inclusive tentativa de estupro em primeiro grau, crime sexual em primeiro grau, agressão sexual e manipulação não consentida contra a camareira de um hotel de Nova York onde ele estava hospedado, em 14 de maio.
Strauss-Kahn, que se viu obrigado a renunciar ao cargo na quarta-feira, “vai morar temporariamente no sul de Manhattan, perto da região do ‘Marco Zero'”, onde se erguiam as torres-gêmeas do World Trade Center, derrubadas no atentado terrorista de 11 de setembro de 2001, informou o juiz Michael Obus.
Pouco antes de ordenar sua liberdade, Obus aceitou a fiança de um milhão de dólares e a garantia de outros US$ 5 milhões, aportadas pela defesa, duas das estritas condições impostas na quinta-feira ao socialista francês de 62 anos para permitir que saia da prisão enquanto aguarda julgamento.
Strauss-Kahn se comprometeu, ainda, a usar uma tornozeleira eletrônica nas 24 horas do dia e entregar todos os seus documentos de viagem para descartar qualquer tentativa de fuga, depois de ter sido detido, no sábado passado, a bordo de um avião que se preparava para voar para a França.
Segundo o tablóide New York Post, a mulher de Strauss-Kahn, Anne Sinclair, havia alugado um apartamento no Bristol Plaza, em Manhattan, mas a direção do sofisticado imóvel cancelou a reserva quando soube quem iria ocupar a residência.
No entanto, segundo o advogado de defesa William Taylor, “a razão pela qual os planos mudaram é que a imprensa tinha invadido” o primeiro lugar escolhido.
Caso seja considerado culpado de todas as acusações, Strauss-Kahn – cuja prisão sacudiu o Partido Socialista francês, que o considerava seu candidato às presidenciais de 2012 – pode ser condenado a até 74 anos de prisão.
Strauss-Kahn se apresentará novamente à Justiça em 6 de junho para uma audiência na qual poderá se declarar inocente das acusações feitas pela funcionária do hotel.
Os investigadores dizem ter evidências físicas – inclusive um exame médico efetuado imediatamente depois da denúncia -, que mostram uma tentativa de estupro, em 14 de maio, contra “uma mulher negra de 32 anos”.
Enquanto isso, o Conselho de Administração do FMI tinha previsto se reunir, esta sexta-feira, para iniciar a busca por um novo diretor-gerente, cargo que desperta o interesse do mundo e que os países emergentes estão dispostos a disputar.
A União Europeia (UE), decidida a tentar manter um europeu à frente do FMI, avalia uma candidatura da atual ministra das Finanças francesa, Christine Lagarde, embora a lista de potenciais aspirantes seja longa.
A Europa é o principal contribuinte do FMI e a tradição tem feito com que o cargo de diretor-gerente estivesse sempre reservado aos europeus desde a criação do Fundo, em 1944, enquanto os Estados Unidos mantêm a liderança do Banco Mundial.
No entanto, países como Brasil, China e México advertiram esta semana que as regras do jogo devem mudar, pedindo que sejam levados em conta os méritos e não a nacionalidade na hora de se buscar o substituto de Strauss-Kahn.
Os Estados Unidos, por sua vez, anunciaram na sexta-feira que estão dispostos a apoiar como candidato a diretor-gerente do FMI uma pessoa capaz de suscitar um “amplo consenso” entre os membros da instituição.
bur-mar/mvv