Com uma declaração que está repercutindo intensamente nas redes sociais, a subprocuradora Elizeta Maria de Paiva Ramos, ex-corregedora do Ministério Público Federal, reclamou nesta terça-feira, 6, durante a reunião do Conselho Superior do MPF, do transporte oferecido aos integrantes da Procuradoria-Geral da República.

Diante de seus pares, em reunião presidida pelo procurador-geral Augusto Aras, chefe do MPF, Elizeta disse ter ficado ‘brava’ com o fato de não haver outro motorista disponível para buscá-la em casa e levá-la à reunião da cúpula.

“Imediatamente pedi um Uber”, protestou. “Mas será que subprocurador pode andar de Uber? Pode, graças a Deus e felizmente.”

Elizeta ingressou na carreira em dezembro de 1989. Chegou ao cargo de subprocuradora em 2009. Foi corregedora e integra atualmente a 2.ª Câmara Criminal do MPF. Desde junho ela faz parte do Conselho Superior, instância máxima da instituição.

Na reunião, Elizeta solicitou ‘providências’ a Aras.

“Embora haja muita reclamação em relação a ganhos, na sua administração, pelo menos, acho que ficamos assim servidos ou satisfeitos e recebemos o que tínhamos de receber mesmo, sem choradeira. Mas o problema é: vamos ficar com o transporte assim? Cada vez que eu pedir um motorista, no dia seguinte vai ser uma dolorosa interrogação? Eu que vou ter que ligar pra cá, ter que pegar Uber? Como é que vai ser isso? Não tem um motorista responsável?”.

Antes fazer a reclamação ‘bem grande’ sobre o transporte da PGR, Elizeta protestou enfaticamente sobre o fato de ter ‘perdido’ seu motorista após ele pegar três meses de férias. Procuradores, a exemplo dos juízes, têm direito a um período menor de descanso – dois meses de férias, além dos recessos ao longo do ano.

Em resposta ao queixume de Elizeta, o procurador-geral afirmou que o assunto envolve a ‘prerrogativa dos membros (procuradores e subprocuradores) disporem de carro e motorista oficial’.

Segundo o PGR, trata-se de uma ‘questão de segurança, mais do que conforto’. “Não se trata de pegar Uber, se trata de ter segurança para a atividade fim.”

Comovido com a dor da colega, o chefe do Ministério Público Federal disse ‘lamentar’ o episódio e lembrou que, quando foi apresentado o orçamento do órgão em 2020 havia a previsão de abertura de um concurso para motoristas e agentes de segurança.

Segundo Aras, à época, o Conselho Superior do MPF entendeu que a medida não era necessária. “Lamentavelmente, a gente sabia que um dia isso ia ocorrer”, disse Aras, em referência à reclamação da colega Elizeta.

Durante a reunião, a subprocuradora Luiza Frischeisen informou ter feito um memorando pedindo aperfeiçoamento do serviço de transporte. “Tenho certeza que vão verificar e aprimorar o serviço”, afirmou, para alívio dos pares.

COM A PALAVRA, A SUBPROCURADORA

Até a publicação deste texto, a reportagem buscou contato, via assessoria de imprensa da PGR, com Elizeta Ramos, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestações.