22/07/2025 - 17:48
A empresa Johanna Foods está processando o presidente Donald Trump por conta da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, prevista para entrar em vigor a partir de 1º de agosto. Por atuar no ramo de importação de suco de laranja, a Johanna Foods afirma que as taxas aumentariam seus custos em US$ 68 milhões e elevariam os preços para os consumidores em 25%.
As informações são do jornal americano The New York Times e repercutiram em diversos veículos de mídia estrangeira. A IstoÉ Dinheiro entrou em contato com a Johanna Foods e aguarda retorno.
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Segundo o jornal, a empresa alega no processo que os motivos apontados para a taxação não atendem os requisitos da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, que determina as situações nas quais o presidente pode intervir no comércio internacional diante de uma emergência nacional.
Um tribunal federal de apelações deve analisar os argumentos ainda este mês. Por enquanto, a Corte permitiu que o governo mantenha a aplicação das tarifas globais.
Na carta em que determinou a tarifa, Donald Trump cita como motivo central para sua decisão o julgamento por tentativa de golpe de estado movido contra Jair Bolsonaro. Outros pontos apontados por Trump são o que ele chama de “ataques contínuos” às empresas digitais dos EUA e uma “injusta relação comercial”. No entanto, os Estados Unidos acumulam superávit no comércio com o Brasil.
Em sua queixa, a Johanna Foods afirma ainda que a carta de Trump não constitui uma “executive order”, instrumento do governo dos EUA semelhante a um decreto brasileiro para determinar rumos na gestão.
Líderes no suco de laranja
Maior produtor de suco de laranja do mundo, o Brasil supre cerca de 80% da demanda dos EUA por importação.
“A aplicação de uma sobretaxa de até 50% elevaria significativamente o custo de entrada nos Estados Unidos, comprometendo sua competitividade no segundo maior destino dos embarques brasileiros”, dizem os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).
O estudo do Cepea apontou riscos também para o mercado do café, já que os Estados Unidos são o maior consumidor global do produto e importam cerca de 25% de grãos brasileiros. O país é também o segundo maior comprador da carne bovina brasileira, responsável por 12% das exportações do produto brasileiro.