17/11/2015 - 10:00
Durante mais de duas décadas, entre os anos de 1970 e 1990, duas grifes catarinense disputavam, ombro a ombro, a preferência dos consumidores brasileiros: a Hering e a Sulfabril. As duas marcas, no entanto, tiveram destinos opostos. A primeira prosperou. A segunda, superendividada, faliu em 1999, e cambaleou até 2014, quando desapareceu definitivamente. Mas a Sulfabril quer uma segunda chance e voltará às vitrines no ano que vem. “Queremos deixar para trás as cicatrizes da crise e da falência”, diz Rafael Cunha, o novo presidente da companhia que arrematou, por R$ 36 milhões, a massa falida por meio da joint venture NSA Invest, um grupo de empresas da região.
Para colocar a Sulfabril nos eixos, o grupo separou mais R$ 25 milhões para aportes na linha de produção e na operação comercial. A meta é estar em mais de 6 mil pontos de venda até junho de 2016. A estratégia dos novos donos da Sulfabril é resgatar o potencial da marca, que ficou lá no passado. Até o fim da década de 1980, a empresa vestia diversos artistas em suas propagandas, como a atriz Regina Duarte e o ex-diretor e ator Marcos Paulo, morto em 2012. As quatro fábricas na região chegaram a empregar mais de 5 mil funcionários. Nesta nova fase, apenas 120 pessoas serão contratadas, podendo chegar a 300 em 2016.
Segundo Cunha, a meta é vender 300 mil peças ao mês no ano que vem e dobrar o número em 2017, o que representaria um faturamento de R$ 100 milhões. As marcas Senha, focada no segmento jovem, e a própria Sulfabril serão as primeiras a serem reativadas. “Em um segundo momento voltaremos com as infantis”, conta o executivo. Ele diz que a Sulfabril quer aproveitar o aumento do dólar e a consequente desaceleração do consumo brasileiro no exterior para ganhar mercado. De janeiro a setembro deste ano, as despesas de brasileiros em outros países caíram 27,8% em comparação a 2014. “Nós chegaremos às lojas quando a economia voltar a respirar”, diz Cunha.
Segundo Eduardo Tomiya, diretor geral da consultoria MB Vermeer, a empresa tem uma marca forte e relevante, mas os desafios macroeconômicos serão, sim, um desafio. “Até a Hering está passando por problemas”, diz Tomiya. A inspiração dos novos donos, no entanto, continua vindo da empresa vizinha. Após a abertura da economia, realizada pelo ex-presidente Fernando Collor, a companhia comandada atualmente por Fábio Hering conseguiu se adaptar ao novo momento do País. Já a Sulfabril foi caindo no esquecimento. “No futuro, queremos que Blumenau volte a ser conhecida como a cidade da Sulfabril”, diz Cunha.