09/07/2022 - 1:28
As superfícies dos outros planetas do Sistema Solar há muito encantam entusiastas e cientistas. Estudos recentes consideram que a superfície de Mercúrio pode estar coberta de diamantes, devido a uma sequência de impactos de meteoritos que sofreu ao longo de bilhões de anos.
Esses impactos podem ter “cozinhado” a superfície de Mercúrio ao ponto de originar as pedras preciosas, disse o cientista planetário Kevin Cannon no último diame 10, na Lunar and Planetary Science Conference no Texas, Estados Unidos.
+ ‘The Rock’, o maior diamante branco já leiloado, fica aquém das expectativas
Suas simulações digitais predizem que impactos dessa natureza podem ter transformado cerca de um terço da pequena crosta do planeta numa reserva de diamante que seria muitas vezes maior do que a da Terra.
Diamantes se formam sob quantidades imensas de pressão e temperatura. Na Terra, essas pedras cristalizam muito profundamente, pelo menos a 150 quilômetros abaixo da superfície, emergindo durante erupções vulcânicas.
Todavia, estudos de meteoritos sugerem que diamantes também podem se formar durante impactos.
O estudo sobre a superfície de Mercúrio
“Quando esses [impactos] ocorrem, eles criam temperaturas e pressões muito altas, que podem transformar carbono em diamante”, disse Cannon.
Com isso em mente, Cannon resolveu estudar a superfície do planeta mais próximo ao Sol. As pesquisas da superfície de Mercúrio e experimentos com rocha derretida sugerem que a crosta do planeta pode ter retido fragmentos de uma antiga camada de grafite – um mineral feito de carbono.
“O que pensamos que aconteceu é que, quando Mercúrio se formou inicialmente, ele tinha um oceano de magma, e o grafite cristalizou daquele magma”, Cannon relatou.
Então, considera-se o bombardeamento dos meteoritos ao longo dos anos. A superfície de Mercúrio, hoje, é cheia de crateras, evidenciando uma história lotada de impactos de meteoritos. A hipótese de Cannon é que grande parte do grafite na crosta poderia ter se transformado em diamante diante da pressão dos impactos.
Curioso sobre a formação desse diamante, Cannon usou computadores para simular impactos numa crosta de grafite durante 4.5 bilhões de anos. Os resultados mostram que, se Mercúrio tivesse uma cobertura de grafite de 300 metros de espessura, os impactos teriam gerado 16 quatrilhões de toneladas de diamantes – 16 vezes mais do que a reserva estimada da Terra.
“Não há razão para duvidar que diamantes podem ser produzidos dessa forma”, disse Simone Marchi, uma cientista planetária do Southwest Research Institute em Boulder, que não esteve envolvida no estudo.
Mas ele questiona quantos poderiam ter sobrevivido, pois algumas das pedras preciosas provavelmente teriam sido destruídas por impactos posteriores.
Cannon concorda que impactos subsequentes provavelmente teriam destruído alguns diamantes, mas essas perdas seriam “bem limitadas”, pois o ponto final de fusão do diamante passa dos 4000° Celsius.
Simulações futuras vão incorporar novos derretimentos oriundos dos impactos, disse ele, para aprimorar a compreensão sobre o tamanho das reservas atuais de diamante em Mercúrio.
Uma oportunidade para buscar por esses diamantes pode surgir em 2025, quando a missão BepiColombo alcançar o planeta. Diamantes refletem uma assinatura distinta de luz infravermelha, Cannon disse. acreditando que isso poderia ser detectado.