03/08/2025 - 12:00
Grupo Supley (Max Titanium, Probiótica, Dr. Peanut), maior conglomerado do ramo de suplementação esportiva da América Latina, teve um salto expressivo de market share após uma matéria exibida no Fantástico, programa dominical da Rede Globo.
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À época, o programa havia divulgado laudos de testes de whey e creatina, e os produtos da Max Titanium integraram uma minoria que não tinham a tabela nutricional inflada e fora da faixa permitida pelos órgãos reguladores.
O evento fez com que o mercado consumidor tivesse uma predileção pela marca, que passou no crivo do Inmetro e, com isso, aumentou drasticamente seu market share no mercado nacional.
Ao Dinheiro Entrevista, a CEO do Grupo Supley, Mariane Morelli, relata que as práticas como as de amino spiking – adição de aminoácidos baratos a suplementos para inflar artificialmente o teor de proteína declarado no rótulo – eram mais usuais.
“O ano de 2013 foi um ano muito relevante pra gente, porque no mercado de suplementação, como era um mercado ainda não tão fiscalizado, o mercado ainda em ascensão, infelizmente muitas indústrias acabavam fazendo coisas erradas no produto, de uma forma antiética. E aí o Fantástico, junto ao Inmetro, fez uma análise na maioria das marcas que existiam aqui no Brasil, e ocorreu que a Max Titanium foi uma das marcas aprovadas. E aí a gente, de fato, teve visibilidade nacional pela nossa credibilidade”, relata.
A executiva explica que a matéria-prima para a proteína representa um custo relevante dentro do produto. Com isso, algumas marcas divulgavam 21 gramas de proteína por porção, mas na realidade tinham 5 gramas de proteína por porção e o restante era carboidrato.
“Isso é seríssimo pra saúde do consumidor, porque uma pessoa com diabetes, por exemplo, ou uma pessoa que não quer na própria dieta, vai estar consumindo um valor alto de carboidrato”, alerta Morelli.
Creatina terá preços mais estáveis, Whey está mais suscetível a variações
O preço da creatina, que havia subido fortemente em anos anteriores, segue estável e sem previsão de novos aumentos no curto prazo. Mariane destaca que vê uma estabilidade e que os preços praticados pelo portfólio da marca não terão novos repasses em 2025.
“No caso da creatina, hoje eu vejo uma situação bem estável nesse pós-pandemia”, avalia.
“O preço explodiu porque, ao contrário do que se divulgava, do uso apenas para performance, muitos utilizaram a creatina para as pessoas que tiveram Covid, que ficaram internadas pra recuperação muscular dessas pessoas. Então, a creatina teve uma explosão mundial na qual as fábricas não conseguiam produzir a quantidade necessária de creatina para suportar a demanda, e aí vimos uma explosão na precificação”, completa.
No mercado, o movimento de preços nos anos passados levou os potes de 300g do suplemento a saltarem de algo entre R$ 40 e R$ 70 para patamares superiores a R$ 150, chegando até R$ 180 em alguns casos. A valorização, que ocorreu especialmente em meados de 2022, ultrapassou os 100%, influenciada tanto pelo custo do insumo quanto pela alta na demanda por produtos ligados à saúde.
A executiva afirma que a cadeia produtiva conseguiu se ajustar melhor depois da pandemia. Com a demanda se mantendo, a indústria precisou aumentar a capacidade e tornar os processos mais eficientes.
Além disso, a composição do custo da creatina depende da variação cambial. O dólar teve oscilações relevantes no fim de 2024 e início de 2025, e isso afeta diretamente a precificação de matérias-primas importadas. Já no caso do whey protein, que utiliza proteína do soro do leite, o cenário ainda mostra instabilidade por outros fatores que interferem nos valores.
Outro ponto trazido por Mariane é o impacto das medicações para emagrecimento, como Ozempic e Mounjaro, sobre o mercado. Usuários desses medicamentos têm buscado manter massa magra, o que leva a um aumento no consumo de suplementos como creatina e produtos com sabores mais doces, o que também impulsiona a demanda.
De Max Titanium ao maior conglomerado de nutrição esportiva da América Latina
Com sede em Matão (SP), a holding inicialmente era apenas a Max Titanium, mas por meio de fusões e aquisições e uma expansão no mercado, se tornou um conglomerado, atuando como um hub de nutrição esportiva.
Em 2024 o grupo já ultrapassou a marca de R$ 1 bilhão em faturamento.
Entre as marcas da holding, a Max Titanium é a mais conhecida. Nacionalmente reconhecida por produtos como whey protein, creatinas, pré-treinos (como Horus e Égide), hipercalóricos e barras proteicas.
No comando do grupo está Mariane Machioni Morelli, que atua como CEO e administra a holding junto a outros dois sócios que são irmãos, Carlos Philipe Moretto e Alberto José Moretto – os três são os fundadores da Max Titanium, que foi criada em meados 2006.