17/05/2006 - 7:00
Terça-feira 9, 16h30: Esteves (à esq.) é flagrado ao deixar o Pactual ao lado do CEO do UBS após o anúncio da fusão
O sorriso estampado no rosto do jovem de terno escuro na foto acima diz tudo. Ele acaba de trocar a letra ?m? pela letra ?b?. Seu nome é André Esteves e ele, aos 37 anos, já não é mais um simples milionário. Sua fortuna chegou à casa do bilhão. De dólares. Esteves é o principal acionista do Pactual, o maior banco de investimentos brasileiro, que acaba de ser vendido para o grupo financeiro suíço UBS ? conforme noticiado, em primeira mão, pelo site da DINHEIRO na tarde da segunda-feira 8, instantes após a conclusão do negócio. Ao todo, a transação poderá chegar a inacreditáveis US$ 3,1 bilhões, que serão pagos a uma empresa com apenas 517 funcionários. É mais do que o Itaú pagou pelo BankBoston (US$ 2,2 bilhões). Mais do que o banqueiro Aloysio Faria embolsou ao vender o Real ao ABN Amro (US$ 2,3 bilhões). E muito mais ainda do que o lendário Jorge Paulo Lemann recebeu ao se desfazer (em uma operação de US$ 700 milhões) do Garantia, um banco similar ao Pactual. É também mais do que o valor de qualquer aquisição de empresa brasileira feita fora das privatizações. Mas o que torna a história de Esteves surpreendente não é só o valor astronômico da venda. Ele construiu o seu primeiro bilhão de dólares mais rápido do que qualquer outro financista brasileiro e em condições mais adversas. Nascido de uma família humilde da Tijuca, no Rio de Janeiro, este analista de sistemas introspectivo, torcedor do Fluminense, ingressou no Pactual aos 22 anos como técnico em informática, brilhou na mesa de renda fixa quando teve sua primeira oportunidade e chegou ao topo num piscar de olhos. Hoje tem cerca de 30% do capital do banco. Mas abre mão de uma sala reservada e mantém o hábito de sentar-se à mesa de operações. Tímido, o novo Midas do capitalismo brasileiro diz que todo o dinheiro que receberá do grupo suíço será aplicado em fundos do novo UBS Pactual. ?Fui feito para ganhar dinheiro; não para gastar?, disse Esteves à DINHEIRO (leia entrevista inédita na próxima página). Seu carro, um Audi, tem quatro anos de uso. Jatinhos e helicópteros não fazem parte de seus planos.
Rodrigo Xavier é o gestor de fundos do Pactual, com US$ 18 bi a seus cuidados
Tido pelos sócios e pelos raros amigos como workaholic ao extremo, Esteves toma café, almoça e janta Pactual. Se não está no escritório, o que é raro, refugia-se em sua fazenda nas proximadades de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e devora livros sobre finanças. Graças ao estilo discreto, até a semana passada, costumava circular incógnito pela Avenida Faria Lima, em São Paulo, onde ficam os escritórios do banco. Avesso a todo tipo de badalação, ele jamais se deixou fotografar ? a imagem que estampa esta reportagem é um furo jornalístico do repórter fotográfico Humberto Franco, da DINHEIRO, que captou o momento exato em que Esteves se despedia de Huw Jenkins, CEO do UBS, logo após anunciar por teleconferência o negócio à imprensa mundial, na terça-feira 9. A partir de agora, Esteves não poderá mais viver no anonimato. Com seu bilhão de dólares, ele se torna um dos capitalistas de proa do País. E é pelo menos 10 anos mais jovem do que qualquer concorrente. ?Se fosse só por dinheiro, ele já poderia ter parado de trabalhar antes mesmo da venda ao UBS?, diz um executivo sênior de um banco de investimento rival. ?Mas a ambição do André é fazer história no mercado brasileiro?. O próprio Esteves admite que se inspira em ninguém menos que Jorge Paulo Lemann, de quem se tornou amigo.
Porto Filho, o Totó, é o sócio veterano de uma equipe com idade média de 35 anos
A venda do Pactual ao UBS produziu um segundo bilionário ainda mais moço. É Gilberto Sayão, de 35 anos, que, assim como Esteves, veio de uma família de classe média do Rio. Giba, como é conhecido pelos amigos, começou na área de manutenção de computadores e acabou na mesa de câmbio em um ano em que o Pactual ganhou muito dinheiro. Seu bônus foi enorme e pago em ações, o que lhe abriu as portas da sociedade. Hoje, sua participação acionária é igualmente de 30%. As semelhanças com Esteves não param aí. Sayão também nunca permitiu que se fizesse uma foto dele. Um de seus hobbies é andar de bicicleta, anônimo, pelas ruas do Leblon. Os esportes são sua paixão. Já foi campeão de motocross, luta jiu-jitsu e um pouco de boxe, joga tênis e veleja. Recentemente, bateu um recorde mundial em motonáutica, numa travessia entre Santos e Rio de Janeiro. Sayão é um dos sócios do empresário Eike Batista na lancha Spirit of Brazil e, embora você não o veja na imagem abaixo, é um dos quatro tripulantes da embarcação. A um amigo, logo após fechar o negócio, ele revelou seu estado de espírito. ?Vou fazer a mesma coisa que faria nos próximos cinco anos, só que com muito mais dinheiro no bolso.? Explica-se: tanto Esteves quanto Sayão ficarão no UBS Pactual pelo menos até 2011. É uma das pré-condições para que recebam todo o pagamento acordado. Depois, estarão livres para fazer o que bem entenderem.
US$ 1 bilhão caberá a Sayão, sócio do Pactual e do empresário Eike Batista, na lancha Spirit of Brazil (acima)
No primeiro momento, a cifra de US$ 1 bilhão já está sendo desembolsada à vista. Outros US$ 500 milhões serão usados para reter os principais talentos do Pactual pelos próximos cinco anos. E há ainda US$ 1,6 bilhão que poderão vir a ser pagos, dependendo dos resultados do banco. Mas os sócios estão seguros de que essa parcela também será alcançada. Esteves será o CEO das operações em toda a América Latina. Sayão cuidará da empresa de participações do grupo, que já tem ativos importantes, como o controle da Light, a distribuidora de energia do Rio de Janeiro. No seu radar, ele vislumbra novas oportunidades na área elétrica e também nos setores imobiliário, de mídia e agribusiness.
Ganhos dos sócios do Pactual vão para fundos geridos pela equipe do banco
As cifras envolvidas na compra do Pactual deixaram o mercado entre o perplexo e o eufórico. ?Mesmo com este prêmio para manter as melhores cabeças no banco, US$ 3 bilhões é muito?, avalia o presidente brasileiro de um banco de investimentos estrangeiro. ?Tudo o que o UBS fazia o Pactual também faz, o que significa sobreposição?, pondera ele. A compra, bem mais em conta, do Boston pelo Itaú é citada por muita gente no mercado para elogiar os talentos de negociação de Esteves e companhia. ?Foi uma operação genial, que põe os preços dos ativos brasileiros em outro patamar?, diz o vice-presidente de um banco de varejo estrangeiro. Vale lembrar que, ao contrário do Boston (um banco que não tinha escala para competir no varejo bancário nacional), o Pactual é um eficiente banco de investimentos, de padrão global. ?O preço é compatível com uma operação desse nível no mercado internacional?, diz Martin Liechti, responsável pela área de gestão de fortunas do UBS.
Até que a venda para o UBS se consumasse, foram necessários cinco meses de um namoro que começou na virada do ano, quando a Goldman Sachs, pretendente inicial, desistiu da compra do Pactual. Esteves e seus sócios decidiram, então, aproveitar o bom momento do mercado acionário brasileiro para buscar uma alternativa, que seria a abertura de capital do próprio Pactual. E procuraram o UBS para assessorá-los na operação. As conversas, surpreendentemente, evoluíram para uma aquisição. ?Sempre fomos assediados com cartas de amor, e desta vez decidimos aceitar?, diverte-se Esteves. Na época da transação com a Goldman, o Pactual chegou a ser oferecido aos suíços, mas o antigo CEO do UBS, John Costas, tinha certa aversão ao Brasil. Quando Huw Jenkins assumiu seu posto, a operação renasceu.
Na nova empresa, deve predominar o time do Pactual, que responderá pela área de banco de investimentos e gestão de fundos. Do UBS, virá o executivo para comandar a administração de grandes fortunas. ?Numa transação dessas, o que você compra são pessoas e o difícil é mantê-las?, diz um banqueiro de investimento que passou recentemente por essa experiência. ?Quando a primeira bolada cai na conta, o cara quer mais é ir pescar.? No caso do UBS Pactual, o risco de saída de profissionais é grande em razão do choque cultural. O UBS é um banco global com controles e processos rígidos. O Pactual é bem mais flexível, o que garante a agilidade que o caracteriza. ?Por quanto tempo você acha que um desses novos milionários vai ter paciência para se reportar a um gringo em Nova York??, pergunta um banqueiro concorrente.
Sediado no Rio de Janeiro, o Pactual nasceu como corretora em 1983, passou a administrar fundos no ano seguinte e virou banco de investimentos em 1986, comandado por Luiz Cezar Fernandes, Paulo Guedes, André Jacurski e outras estrelas do mercado nos anos 80. A atual geração, Esteves à frente, isolou Luiz Cezar na década passada, quando este quis transformar o Pactual num banco de varejo, e instaurou ali uma república de jovens fanaticamente devotados ao banco. A idade média dos atuais sócios é de 35 anos, e eles têm de 10 a 12 anos de experiência no grupo. A política da sociedade não permite que nenhum deles invista em negócios fora do Pactual. A política de RH do banco é resumida em relatório da agência Fitch Ratings: ?Pagamento de salários fixos baixos que são complementados por generosas gratificações semestrais, a título de participação nos resultados.?
Há mais de 20 bancos de investimentos no Brasil, mas nenhum combina as áreas de gestão de recursos e operações de mercado de capitais como o Pactual. Em fundos, só perde para bancões como Banco do Brasil, Bradesco e Itaú. Entre 2004 e 2005, participou das mais importantes aberturas de capital feitas no Brasil, liderando operações como as da Localiza, Porto Seguro, Grendene e ALL. Colocou, assim, US$ 1,85 bilhão em papéis no mercado.
A rodada final de conversas entre Pactual e UBS aconteceu no fim de semana passado, no número 4 da Times Square, em Nova York, no famoso edifício Condé Nast. É lá também que fica a sede da firma Skadden Arps, que atuou em nome do Pactual juntamente com os advogados do escritório Barbosa, Mussnich, Aragão. Esteves, Sayão e o controller Horta passaram o sábado e o domingo trancados com os advogados revisando os últimos detalhes dos contratos. Saíram apenas para jantar no próprio hotel onde estavam hospedados, o luxuoso The Peninsula, da 5ª Avenida. Quanto tomaram o vôo de volta para São Paulo, acompanhados de Huw Jenkins e muitos outros executivos do UBS, no domingo à noite, eles já estavam certos de que o negócio seria selado. No fim da tarde da segunda-feira 8, quando Esteves e Jenkins finalmente firmaram todos os papéis, eles trocaram sorrisos, apertos de mão e o protocolar ?congratulations?. E a comemoração? Champanhe? Charutos? Festa fechada num transatlântico? ?Vou só fazer um almoço de Dia das Mães na fazenda?, diz Esteves. E o futuro? ?Agora vamos ter que trabalhar muito mais?, disse o novo bilionário aos demais sócios. ?Boa parte do pagamento ainda depende da nossa performance?. Alguém duvida que eles conseguirão?
Com reportagem de Aline Lima e Daniella Camargos
Gigante global, com US$ 2,27 trilhões em ativos, o UBS, no Brasil, só administra US$ 900 milhões
US$ 1,8 bilhão em ações foram colocados no mercado pelo banco Pactual em aberturas de capital
“Fui feito para ganhar dinheiro”
Em uma rara entrevista, concedida na quinta-feira 11, André Esteves, CEO do UBS Pactual, diz que não deixará o banco para seguir carreira solo nas finanças. A bolada que lhe cabe na transação de US$ 3,1 bilhões, ele garante, será aplicada em fundos geridos pelo banco. Esteves é bem humorado e fala rápido, com o sotaque carioca que a Tijuca lhe deu e a clareza cartesiana que sua formação de matemático lhe confere. Sem amargura, ri por último dos ?banqueiros intelectuais? que desdenhavam de sua geração de ?cabeças de sistema? no Pactual. ?A resposta está aí. Fora as privatizações, fechamos o maior negócio do País?
DINHEIRO ? Sempre houve no Pactual uma cultura de os sócios investirem onde está o capital do cliente. E agora, com todo esse dinheiro?
ESTEVES ? Vai continuar. Mais do que nunca, vai continuar, porque todo o dinheiro recebido pelos sócios vai ser reinvestido nos produtos que a gente mesmo gere e dos quais os clientes participam. Ou seja, os sócios não vão ter dinheiro no bolso.
E depois dos cinco anos que vocês se comprometeram a passar no banco para receber o pagamento integral?
Eu não vejo motivo para sair do banco. Pelo contrário. Nosso compromisso é incorporar essa cultura ao UBS e realizar um projeto latino-americano.
Lemann, investidor: Fundador do Banco criou uma cultura empresarial. “Admiro o Jorge Paulo Lemann e, de certa forma, me inspiro nele”
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Alguns banqueiros dizem que sua ambição é ser um novo Jorge Paulo Lemann (o lendário criador do Garantia, que virou investidor e hoje é sócio da InBev e das Lojas Americanas).
Eu tenho grande admiração pelo Jorge Paulo e, de certa forma, me inspiro nele. Não só porque ele soube criar riquezas. O Jorge Paulo também criou uma cultura empresarial e soube transmitir seus valores num país onde muita gente não tem tanto apreço pelo capitalismo. Ele é o maior empresário da geração dele.
Como o senhor compara a venda do Pactual aos outros grandes negócios do setor nos últimos anos?
Esta é a maior operação do setor financeiro da história do Brasil. Em termos de investimento estrangeiro direto no País, é também a operação mais importante que já tivemos, fora as privatizações. Todos devem ficar orgulhosos disso: empresários, governo, reguladores, clientes, investidores, brasileiros em geral.
Vocês têm uma cultura empresarial admirada pelo mercado. Ao vender o banco para o UBS deixarão de ser empreendedores para ser empregados?
Não, de jeito algum. O capitalismo brasileiro está se modernizando. Então, o empresário vai perceber que, para empreender, não precisa ter 51% das ações ordinárias. Se você olhar para as grandes empresas globais, os maiores acionistas têm 2%, 3% das ações e nem por isso deixam de ser empreendedores. O mundo mudou muito. Os Estados Unidos têm o capitalismo mais socialista do mundo, e a China tem o socialismo mais capitalista do planeta.
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Cezar, banqueiro: Legado do criador do Pactual é o foco na gestão de pessoas. ” Luiz Cezar percebeu, mais que ninguém, o peso do capital intelectual”
O Pactual, comprado por um grupo suíço, vai se tornar um banco mais conservador, mais ?cintura dura??
Não, eu acho que a idéia do UBS é preservar aquilo que a gente tem de bom. Claro que, como parte de uma organização global, nós vamos passar a seguir alguns padrões. Mas nada que nos obrigue a reduzir a competitividade que temos hoje. Pelo contrário. O desafio que nos anima é, a partir de toda a força de uma organização global, tornar o banco mais competitivo. Por exemplo: o UBS é um dos poucos bancos do mundo que é ?AA+?, o melhor rating (classificação de risco) de todos. Isso abre uma porção de janelas de oportunidade para o banco, lidando com investidores estrangeiros e no próprio mercado local.
E num banco assim haverá espaço para manter o estilo de gestão de vocês?
O UBS talvez seja a organização global que mais absorveu cultura da empresas que adquiriu. Ele é fruto de várias aquisições, que moldaram uma cultura empreendedora verdadeiramente global que funciona muito bem.
No Brasil, vocês é que vão estar à frente da integração. E há áreas de sobreposição, como o departamento de análise de mercados e empresas. O que vai acontecer com a equipe do UBS?
Esta é uma associação que não é movida por redução de custos. A gente tem uma agenda de crescimento tão importante que a nossa sensação é que temos que juntar os dois times. Não está sobrando gente. E ainda há o horizonte latino-americano para explorar.
Como é este projeto do UBS Pactual para a América Latina?
O objetivo é a nossa operação ser uma plataforma latino-americana. O UBS tem algumas operações de médio porte no México. Nós vamos integrar isso. E levar a nossa maneira de fazer negócios aos países que tiverem escala para isso. Argentina e Chile, com certeza. E os outros países também têm um grupo de empresas, de famílias que sempre requerem adviser qualificado internacional.
Fora da área de banco de investimento, vocês criaram uma empresa de participações que participa do controle da Light. Há algum foco definido para essa empresa? Alvos e estratégias?
Não, na verdade a idéia é desenvolver fundos de private equity que vão buscar oportunidades no setor real da economia brasileira.
Além do Jorge Paulo Lemann, quem mais atrai a sua admiração?
O Luiz Cezar Fernandes, que fundou o Pactual e criou a cultura focada em recursos humanos que nos diferencia da concorrência. O investimento em pessoas integralmente focadas no banco está no nosso DNA. Mais do que ninguém, ele soube perceber que o sucesso das empresas depende do capital intelectual.
E na economia real?
Não quero citar nomes para não cometer injustiças. Mas esses empresários que estão chegando à bolsa, em especial no Novo Mercado, serão os grandes agentes de transformação do capitalismo brasileiro. Eles chegam ao mercado com uma cultura de transparência e valorização do acionista minoritário.
E lá fora, o senhor tem um ídolo? Warren Buffet talvez?
O Buffet é muito interessante. Ele diz abertamente o que faz no mercado acionário, mas só ele faz. O segredo dos grandes empresários está menos na estratégia e mais na execução. Qualquer estudante de administração da FGV é capaz de fazer o business plan de um banco de investimento. Mas o que importa não é a teoria. É saber fazer direito.
O Brasil caminha para um capitalismo de empresas sem dono?
A gente está caminhando para um capitalismo mais democrático, onde tanto os investidores locais como os internacionais e os gestores de recursos de poupadores menores passam a ser players mais importantes nos conselhos e na gestão das companhias. Essa é uma evolução do capitalismo brasileiro. Isso vai nos levar mais longe.
Esse movimento vai chegar também às empresas médias?
Já está chegando. Há mais empresas com acesso ao capital da Bolsa de Valores, que é um capital de qualidade muito nobre. Empresas de um porte que até então não as fazia clientes de um banco de investimento.
Isso pode trazer de volta bancos de investimento estrangeiros que estavam menos confiantes no Brasil?
Os bancos de investimento estrangeiros historicamente tiveram uma política de stop and go no Brasil. Quem ficou no País foram aqueles que fizeram algum tipo de investimento em aquisição. Esses vão ficar por aqui em qualquer cenário. Como o mercado sofreu uma mudança econômica e institucional importante, eu diria que o ambiente deve ser de bancos de investimento globais presentes no Brasil. Há cinco anos, você tinha cinco dias no ano para fazer um IPO (abertura de capital) no Brasil. Hoje, deve haver cinco dias em que não dá para fazer uma abertura de capital. Final de Copa do Mundo, por exemplo.
O Brasil caminha para virar investment grade rapidamente?
Rapidamente, eu diria que não. Não acho que seja uma trajetória fulminante. Agora, eu acho que é uma trajetória consistente. A lógica econômica que vem sendo implementada no Brasil é correta e apartidária. Essa é a política econômica que está gerando emprego, está aumentando a renda, criando essa transformação no mercado de capitais que gera mais investimento. É isso que a gente quer, independente de o governo ser de esquerda ou de direita. Essa política econômica não é de nenhum partido brasileiro. É a política econômica da Inglaterra, da Espanha, dos Estados Unidos, da Rússia, do México. São os mesmos ensinamentos que a gente tem nas nossas casas. A gente pode gastar mais do que a gente ganha? Não pode.
Seus sócios têm hobbies como motocross ou automobilismo. E você, o que faz para relaxar? Como vai comemorar o negócio fechado?
Olha, a minha vida é isso aqui (o Pactual). E a minha família. Não tenho hobby, não. Gosto de ler. Fui feito para ganhar dinheiro; não para gastar. Meu carro tem quatro anos e funciona bem. Não tenho porque trocar. Avião, não tenho. E não sou de festa. Vou levar a família para a fazenda no domingo, para comemorar o Dia das Mães.