05/09/2022 - 21:02
Por David Stobbe e Ismail Shakil e Rod Nickel
NAÇÃO INDÍGENA JAMES SMITH CREE, Canadá (Reuters) – A polícia canadense encontrou morto nesta segunda-feira um dos suspeitos de uma série de esfaqueamentos em uma comunidade indígena do país, enquanto o outro suspeito continua foragido e pode estar ferido, afirmaram autoridades.
Os irmãos Damien e Mylles Sanderson são suspeitos de matar 10 pessoas e de ferirem 18 em uma série de ataques que devastou uma comunidade originária na província de Saskatchewan, no domingo, em um país que não está acostumado com casos de violência em massa.
O ataque está entre os assassinatos em massa mais mortais da história moderna do Canadá. Uma nota de líderes indígenas sugere que os assassinatos podem ser relacionados a drogas. A polícia disse que algumas das vítimas parecem ser alvos específicos, enquanto outras aparentam ser aleatórias.
As vítimas incluem uma mãe de dois filhos, uma viúva de 77 anos e uma socorrista.
Em uma busca que envolve centenas de policiais, Damien Sanderson, de 31 anos, foi encontrado morto em uma área de mato no território indígena James Smith Cree, possivelmente assassinado por seu irmão, que já era procurado por crimes violentos.
O irmão foragido, Myles Sanderson, de 30, “pode estar ferido” em busca de atendimento médico, afirmou Rhonda Blackmore, comandante da Polícia Real Montada Canadense (RCMP).
Com a morte de um dos irmãos Sanderson, e o ferimento do outro, a contagem agora fica em 11 mortos e 19 feridos, disse Blackmore.
“Podemos confirmar que ele tem ferimentos visíveis. Neste momento, não acreditamos que eles foram autoinflingidos”, afirmou Blackmore, sem especificar o que causou os ferimentos.
Ela também alertou que a polícia ainda considera Myles Sanderson um perigo ao público, mesmo se ele estiver ferido.
“Myles tem uma longa ficha criminal, envolvendo tanto crimes contra pessoas como crimes contra propriedade… avaliamos que ele está armado e é perigoso. Não se aproxime dele”, disse Blackmore.
A emissora CBC News reportou que polícia da cidade de Saskatoon procura por Myles Sanderson desde maio, quando ele parou de se encontrar com seu supervisor de liberdade condicional após cumprir pena por agressão, roubo, fraude e ameaças.
A RCMP acusou cada um dos homens de homicídio em primeiro-grau, tentativa de homicídio e invasão. Em nota, a RCMP disse que espera aplicar mais acusações enquanto a investigação continua.
Segundo Ivor Wayne Burnes, da Nação Indígena James Smith Cree, três das vítimas –sua irmã Gloria Lydia Burns, uma mulher e um menino de 14 anos– morreram em um mesmo local.
Gloria Burns, uma integrante da equipe de socorristas da comunidade, foi morta ao responder a uma ligação de emergência.
“Estou chocado e devastado pelos horríveis ataques de hoje”, disse o primeiro-ministro Justin Trudeau em comunicado. “Como canadenses, choramos com todos os afetados por essa trágica violência e com o povo de Saskatchewan”.
“Esta é a destruição que enfrentamos quando drogas ilegais nocivas invadem nossas comunidades”, disse a Federação das Nações Indígenas Soberanas. O grupo representa 74 Primeiras Nações em Saskatchewan.
Os indígenas representam menos de 5% da população do Canadá de cerca de 38 milhões e sofrem com níveis mais altos de pobreza, desemprego e uma expectativa de vida menor do que outros canadenses.
Os primeiros esfaqueamentos foram relatados às 8h40 e dentro de três horas a polícia emitiu um alerta de pessoas perigosas em toda a província. À tarde, alertas semelhantes também foram emitidos nas províncias vizinhas de Saskatchewan, Alberta e Manitoba.