Ucraniano é acusado de participar de sabotagem contra gasoduto russo que abastecia a Alemanha. Ele era alvo de um mandado de prisão europeu emitido por autoridades alemãs. Trata-se da 2ª prisão no caso.Autoridades da Polônia prenderam um ucraniano suspeito de envolvimento nas explosões submarinas que danificaram os gasodutos Nord Stream entre a Rússia e a Alemanha em 2022, informaram promotores poloneses nesta terça-feira (30/09).

Segundo a emissora de rádio polonesa RMF FM, Volodimir Z. foi detido em Pruszkow, na região central da Polônia, e transferido para Varsóvia. O Ministério Público polonês informou que ele era alvo de um mandado de prisão europeu emitido na Alemanha.

“Levando em consideração a guerra em larga escala na Ucrânia e o fato de que Nord Stream é de propriedade da empresa russa Gazprom, que financia essas atividades, a defesa atualmente não vê nenhuma possibilidade de apresentar queixa contra qualquer pessoa que tenha participado nesses eventos”, afirmou Timoteusz Paprocki, advogado de Volodimir Z., à RMF FM.

O advogado disse que não tinha certeza se seu cliente estava envolvido no ato de sabotagem e que aguardava informações oficiais sobre as intenções da Justiça alemã em apresentar queixa. Ele disse que a defesa vai contestar a extradição.

As explosões submarinas em 26 de setembro de 2022 danificaram gasodutos que foram construídos para transportar gás natural russo para a Alemanha sob o Mar Báltico.

O episódio aumentou as tensões em torno da guerra na Ucrânia, à medida que os países europeus se mobilizavam para reduzir a importação de energia russa após a invasão do território ucraniano em fevereiro de 2022.

Ato de sabotagem

O caso é diplomaticamente delicado para a Alemanha e a Ucrânia, já que Berlim e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) apoiaram as forças ucranianas com recursos financeiros e armas em sua luta contra a invasão russa. À época do incidente, tanto Kiev quanto Washington pressionavam a Europa a reduzir sua dependência da energia russa.

Os promotores alemães deram poucos detalhes de sua investigação, mas disseram que há dois anos encontraram vestígios de explosivos submarinos em amostras retiradas de um iate que foi revistado como parte da investigação.

O iate deixou a ilha alemã de Rügen em 8 de setembro com um capitão, quatro mergulhadores e um especialista em explosivos, e retornou em 22 de setembro, quatro dias antes das explosões.

De acordo com a RMF FM, as autoridades alemãs afirmam que Volodimir Z. é um instrutor de mergulho.

No início deste mês, um tribunal italiano autorizou que outro suspeito ucraniano preso em conexão com o ato de sabotagem – Serhii Kuznietsov, de 49 anos – fosse extraditado para a Alemanha.

Foco de tensões entre Moscou e o Ocidente

Os gasodutos Nord Stream já eram pivô de tensões políticas antes mesmo de serem danificados. Antes de 2022, os gasodutos foram muito criticados pelos Estados Unidos e outros países que alertavam para a dependência do gás russo como risco à segurança energética da Europa. O projeto dos gasodutos, construídos entre 2005 e 2021 no fundo do Mar Báltico, no entanto, avançou com apoio decisivo da Alemanha.

A Europa, altamente dependente do gás de Moscou, impôs sanções à Rússia após o país invadir a Ucrânia, em fevereiro de 2022. Em resposta, o presidente russo, Vladimir Putin, suspendeu o envio de gás para vários países europeus.

Em 26 de setembro de 2022, as tubulações de Nord Stream 1 e 2 no Mar Báltico sofreram uma série de explosões. Quatro vazamentos foram descobertos na sequência.

Ucrânia, Rússia e Estados Unidos foram apontados como responsáveis pela sabotagem – todos negaram qualquer papel no episódio.

Autoridades suecas, alemãs e dinamarquesas afirmaram posteriormente ter encontrado vestígios de explosivos em um veleiro que teria sido usado para provocar as explosões.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que seu governo não sabia de nenhum plano para explodir os gasodutos.

rc/ra (AP, AFP)