Papel e Celulose | Suzano

Árvores são a principal matéria-prima da indústria de papel e celulose. Por isso, quem atua nesse setor sabe que é preciso ter paciência. Não apenas para respeitar os ciclos da natureza, considerando os longos anos desde o plantio até a exploração comercial de uma área reflorestada para esse fim, mas também para manter o negócio rentável diante das inúmeras variáveis das quais ele depende. Quando o resultado depende das exportações, então, é preciso considerar o preço que o mercado internacional está disposto a pagar pela mercadoria e a taxa de câmbio. Raramente essas condições conseguem se mostrar favoráveis por longos períodos.

Para que se mantenham longevas nesse segmento, as empresas precisam combinar a excelência operacional à capacidade de aproveitar da melhor forma as externalidades. Exatamente o que tem feito a Suzano.

Fundada em 1924, a companhia teve em 2021 o melhor resultado de sua quase centenária história até então. Conseguiu bater seus próprios recordes de faturamento e lucratividade. O sólido desempenho em todas os aspectos da gestão, fez com que ela merecesse os títulos de campeã no setor de Papel e Celulose e de Melhor Empresa da DINHEIRO em 2022. Este ano, a Suzano é novamente a melhor em seu segmento.

Diretor-executivo de Finanças, Relações com Investidores e Jurídico da Suzano, Marcelo Bacci atribui essa conquista a uma perfeita combinação de fatores:
internamente, a ótima performance operacional, tanto na produção quanto nas vendas;
do lado de fora, preços favoráveis para a celulose, principal produto da companhia.

“Isso se refletiu na melhor geração de caixa em nossa história de 99 anos”, afirmou. “A geração de caixa é a principal métrica para avaliar o nosso resultado e ela foi realmente extraordinária.”

Isso se deveu em grande parte ao modo como a empresa soube lidar com alguns desafios, entre eles o controle de custos, que em 2021 havia sofrido forte impacto da inflação (o IPCA fechou o ano em 10,06%).

“A pressão inflacionária é menos relevante agora, mas tivemos de fazer ajustes importantes em 2022”, disse Bacci. Nesse esforço adicional, a empresa se beneficiou da cultura interna, avessa ao desperdício. “A Suzano produz celulose ao menor custo do mercado.”

Como consequência da lição de casa bem feita, aliada à oportunidade que o mercado ofereceu em termos de preço, a empresa pôde realizar em 2022 o maior programa de investimento desde sua fundação.

Apenas no Projeto Cerrado, principal aposta da Suzano para aumentar a produção de celulose em 2,5 milhões de toneladas ao ano, o aporte é de R$ 22,2 bilhões. “Desse total, R$ 18 bilhões são investidos apenas em 2023.”

Como a geração de caixa ficou muito acima do previsto, além de arcar com essa operação, a Suzano conseguiu liquidez para outras alocações importantes. “Fizemos a recompra de cerca de R$ 3 bilhões em ações da companhia, por entender que nossa performance operacional não estava se refletindo na cotação em bolsa”, afirmou Bacci. “Isso também demonstra a confiança da empresa no próprio negócio”, disse.

“Entre os ativos que adquirimos em 2022 está a marca Neve, que complementa nosso portfólio de forma importante e nos leva à posição de liderança no mercado brasileiro de tissue” Marcelo Bacci
CFO da Suzano

Se tudo isso não bastasse, ainda sobrou dinheiro para fazer aquisições importantes dentro da estratégia de crescimento da Suzano, que prevê, entre outras coisas, ser autossuficiente na produção de matéria-prima (leia-se árvores).

De um lado, houve a compra de 200 mil hectares de terras e florestas que já eram operadas pela companhia, mas pertenciam a um investidor. O desembolso foi de US$ 660 milhões.

A companhia faz a gestão de 1,5 milhão de hectares de florestas plantadas, entre terras próprias e arrendadas, além de manter 1 milhão de hectares de reservas naturais intocadas.

Em outra frente, a empresa incorporou a área de tissue (lenços, toalhas, papel higiênico e afins) da multinacional Kimberly-Clark no Brasil. “A Suzano entrou no segmento de bens de consumo há seis anos e desde então vem crescendo bastante”, disse Bacci. “Entre os ativos que adquirimos em 2022 está a marca Neve, que complementa nosso portfólio de forma importante e nos leva à posição de liderança no mercado brasileiro de tissue.” O negócio foi fechado em US$ 175 milhões.

Materiais alternativos

A importância de ampliar os ativos florestais atende à estratégia de produzir mais para o mercado de papéis (sanitários, gráficos e para embalagem) e também para permitir o desenvolvimento de novas tecnologias e soluções mais sustentáveis.

“As árvores plantadas podem servir como matéria-prima para coisas que ainda não existem na forma de produtos comerciais”, disse Bacci. “Muito de nossa atividade de pesquisa e desenvolvimento se concentra nas áreas de têxteis, energia e química, em substituição a materiais de origem fóssil.”

Bacci destaca a parceria com uma startup da Finlândia que está criando um tecido a partir de árvores mais sustentável que a viscose vegetal; um bio-óleo ainda em estudo e a lignina, que já tem aplicações comerciais em substituição a polímeros derivados do petróleo.

Por ano, a empresa investe de R$ 400 a R$ 500 milhões em P&D. “Evidentemente, temos um negócio que já é grande que e que precisa ser tocado com eficiência, sem que percamos o foco”, afirmou Bacci.

Por isso, parte do empenho da empresa está em melhorar continuamente a eficiência. “Produzimos celulose a um custo que ninguém no mundo tem. Esse é um grande diferencial competitivo.”

Assim como é parte do DNA da empresa fornecer produtos de base renovável e biodegradáveis, sua atividade faz com que a Suzano capture mais carbono do que emite. Mas só isso não basta. “Temos a responsabilidade de contribuir com a infraestrutura das comunidades em que atuamos para que elas também possam crescer de maneira sustentável”, disse Bacci.

E no âmbito social as metas são bastante ambiciosas. “Uma delas é tirar 200 mil pessoas da linha de pobreza. Estamos no início desse processo, mas já temos resultados encorajadores.”