16/02/2001 - 8:00
Há um toque brasileiro no chão de empresas, residências, hotéis e cassinos do exterior. É só levantar a pontinha dos tapetes e a etiqueta Tabacow estará lá, acompanhada do indispensável made in Brazil. A marca conquistou mercados como Portugal, Austrália, Espanha, Argentina, Chile e Jamaica. Hoje, as exportações respondem por 10% do faturamento de R$ 89 milhões da companhia. Somando as vendas externas e internas, o vice-presidente da Têxtil Tabacow, Flávio Carelli, estima para este ano um crescimento de 20% na receita. ?Percebemos que se podíamos brigar com os importados aqui também tínhamos condições de disputar em pé de igualdade em qualquer mercado?, diz o executivo. Mais que uma simples constatação, a frase de Carelli simboliza o resgate da empresa. A Tabacow passou os últimos sete anos tentando se livrar de sucessivos prejuízos. A luz amarela acendeu em 1991, quando a empresa, fundada em 1930, viu pela primeira vez o balanço fechar no vermelho.
A partir daí começou a ganhar força a profissionalização da gestão. Coube aos controladores ? as famílias Bacaleinick, Kalfmann e Tabacow ? a decisão de se afastarem do dia-a-dia dos negócios. Os executivos, comandados por Carelli (ex-presidente da fabricante de escapamentos Kadron), foram logo abrindo o manual de administração. Usaram todos os instrumentos possíveis: corte de custos, racionalização de produção, busca por novos mercados e enxugamento da companhia. O quadro de funcionários foi reduzido à metade, para 750 trabalhadores. A fábrica instalada no Tatuapé (bairro da região leste de São Paulo) foi desativada e o maquinário transferido para a unidade de Americana, no interior do Estado. A Tabacow foi dividida em unidades de negócios, tendo como foco os seguintes nichos: residencial, mercado institucional (companhias aéreas, cassinos, hotéis, entre outros), homecenter e exportações. Além disso, o executivo também apostou alto na modernização. Comprou novos equipamentos e lançou modernas linhas de produtos. No total, foram investidos R$ 30 milhões.
As dificuldades da Tabacow se confundem com os problemas enfrentados pelo setor no final dos anos 80. Um dos vilões dessa história foi o carpete de madeira, que ?invadiu? o País em 1988 roubando nacos preciosos do segmento. Outro reflexo da concorrência foi a estagnação da produção do setor, que ficou na marca de 12 milhões de metros quadrados por quase 10 anos, crescendo de forma tímida para 14,280 milhões de metros quadrados, no final de 2000. Carelli e Luís Machado ? também egresso da Kadron e que se juntou à equipe em 1999 ? garantem, no entanto, que os tempos difíceis ficaram definitivamente para trás.