Em meio ao verdejante campo de golfe da Costa do Sauípe, na Bahia, o executivo Fernando Moura, membro do conselho de administração do Banco Alfa, pára, mira a bolinha branca, ensaia o movimento circular e… taaaaac! O tiro é certeiro e a bola se perde no horizonte. A mesma cena se repetiu incessantemente, mas com outros personagens do mundo dos negócios. Durante os dias 3 e 6 de outubro, o complexo turístico da Bahia transformou-se no palco de grandes contratos e projetos audaciosos ao redor do golfe. A primeira edição do Brasil Golf Show reuniu empresários, executivos, políticos e investidores de olho nos negócios em torno desse esporte. Só no evento, foram apresentados 24 projetos atrelados ao esporte ? cerca de R$ 8 bilhões em novos investimentos. Hoje, para atender à demanda dos 25 mil golfistas brasileiros, o País conta com 107 campos, sendo que 20 deles fazem parte de empreendimentos turísticos e imobiliários e mais outros 30 estão em fase de estudo. Ou seja, o golfe deixou de ser apenas um esporte para se tornar um negócio que movimenta R$ 400 milhões ao ano. ?Em breve, o Brasil será visto como um destino de destaque no turismo internacional para golfistas?, prevê Domingos Leonelli, secretário de Turismo do Estado da Bahia. Isso já está acontecendo.

O grupo espanhol Sanchez, por exemplo, está investindo no Natal Grand Golf, no Rio Grande do Norte, um projeto que terá 33 mil casas,

oito hotéis e cinco campos de golfe em uma área de 22 milhões de metros quadrados. O empreendimento é tão promissor que até o jogador de futebol Ronaldo e o ator Antonio Banderas entraram no negócio como investidores. ?O Brasil possui mercado e clima perfeitos para atrair os golfistas europeus?, analisa Francisco Aymerich, presidente do grupo espanhol Aymerich, parceiro no empreendimento. Aliás, o turista europeu é o foco da maioria dos projetos e a região Nordeste é a principal rota de destino desse público. De olho nisso, a brasileira Odebrecht Empreendimentos Imobiliários (OEI) também voltou sua atenção para o esporte. A empresa acaba de anunciar o Sauípe Golf Terraces, um condomínio que será cercado pelo campo Sauípe Golf Links e terá 182 unidades residenciais. As casas custarão entre R$ 450 mil e R$ 950 mil e, no total, o projeto deverá faturar R$ 100 milhões. Além dos seus projetos residenciais, a OEI também resolveu partir para o ramo da hotelaria mesclada com o golfe. A companhia anunciou a criação da Reserva do Paiva, um projeto de R$ 1,6 bilhão que será erguido ao sul de Pernambuco e, em sua primeira fase de construção, terá 67 casas, um hotel com 99 suítes e mais um campo de golfe oficial.

R$ 250 milhões é quanto o grupo europeu INVI vai investir em um complexo hoteleiro em Aracaju

Esse mesmo conceito foi adotado pela INVI Brasil, empresa afiliada da gigante européia Investment Vision + Enviroments, no empreendimento Brisa de Atalaia. O complexo de R$ 250 milhões será construído em Aracaju, Sergipe, e, além da sua área de 123 mil metros quadrados de construção e do seu campo de golfe, terá também um drive range ? espaço destinado para treinos. Ao que tudo indica, no caso da INVI Brasil, isso é apenas o primeiro passo. ?Nos próximos oito anos serão sete campos de golfe nesse modelo?, contabiliza John Hunnicutt, sócio do grupo. Outra tacada de mestre na área turística.