Após uma queda no valor nominal dos dividendos distribuídos no último ano, o CEO da Taesa, Rinaldo Pecchio Jr, garante que a empresa continuará a ser uma ‘excelente pagadora de dividendos’, mas que a gestão não vê isso como o foco principal, e que nos próximos anos a remuneração aos acionistas deve ser conciliada com ‘geração de caixa saudável’ para garantir o crescimento da empresa e novas concessões.

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Durante participação da edição mais recente do Dinheiro Entrevista, que foi ao ar nesta quarta-feira, 9, o CEO da elétrica, explicou que a empresa quer manter um Capex mais alto, participar de leilões e conquistar novas concessões, uma vez que alguns contratos se aproximam do encerramento.

“O nosso driver não é simplesmente a maximização dos dividendos. Óbvio que isso é importante e vamos estar sempre procurando maximizar, mas dentro das condições financeiras que a empresa entende que devem ser obedecidas”, afirma o CEO.

“A empresa vai continuar sendo uma excelente pagadora de dividendos com crescimento, que é o que gente precisa para fazer frente aos nossos contratos, porque tem alguns deles que se encerram e precisamos ter substituição via leilão, M&A e outras coisas”, acrescentou.

Pecchio ainda relata que a alteração feita nos dividendos da Taesa em termos de regras ‘dão uma perspectiva muito boa’ sobre os próximos anos.

Isso ocorreu porque a empresa mudou em 2024 a base usada para calcular os dividendos, saindo do lucro líquido IFRS para o lucro líquido regulatório – que é de fato o considerado pelo mercado como o resultado mais verossímil dentre os dois, geralmente o que é avaliado por analistas de sell side.

Com isso, a Taesa deve manter de 90% a 100% dos dividendos regulatórios, segundo o executivo. No primeiro trimestre de 2025 a empresa anotou lucro regulatório de R$ 188 milhões – se anualizado, seriam R$ 752 milhões de lucro neste ano, com dividendos previstos de R$ 676,8 milhões até R$ 752 milhões.

“O regulatório reflete de fato as receitas autorizadas pela Aneel, os custos que eu tenho. Ou seja, acabo tendo uma geração de caixa muito mais aderente à realidade da empresa”, defende o CEO da empresa.

A proposta inicial foi de pagar ao menos 75% do lucro regulatório em 2024 e, deste ano em diante, os planos são de pagar de 90% a 100% do lucro regulatório, mantendo o mínimo de 50% do IFRS exigido pelo estatuto social.

Conforme os dados atualizados do Status Invest, os papéis TAEE11 deram direito a R$ 2,7389 no acumulado dos últimos 12 meses, resultando então em um dividend yield de 7,9%.

Nominalmente, a companhia pagou R$ 190 milhões aos acionistas em 2024. Em anos anteriores, essa cifra chegou a ultrapassar R$ 1 bilhão e o dividend yield chegou a ser de 12% a 14%:

  • 2018: R$ 858 milhões
  • 2019: R$ 655 milhões
  • 2020: R$ 1,54 bilhão
  • 2021: R$ 1,78 bilhão
  • 2022: R$ 898 milhões
  • 2023: R$ 977 milhões
  • 2024: R$ 190 milhões

Sobre a saúde financeira da empresa, atualmente a companhia possui uma dívida líquida que é 4,1 vezes maior do que seu Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização).

Pecchio destaca que a companhia espera que esse indicador caia para algo em torno de 3,5 a 4 vezes, considerando os novos projetos que irão entrar no portfólio – o que chama de ‘desalavancagem contratada’.

Taesa soma mais de 15 mil quilômetros de linha

A companhia que participou da edição mais recente do hoje do Dinheiro Entrevista controla mais de 15 mil quilômetros de linhas em 18 estados do Brasil, sendo uma das maiores empresas do ramo de transmissão de energia.

A empresa tem quase 20 anos de história e também 20 anos de listagem em bolsa, sendo praticamente considerada um sinônimo de dividendos em um passado recente no mercado financeiro, como uma alternativa à renda fixa – dado o dividend yield relativamente alto e a perenidade do setor em que atua.

Atualmente a Taesa tem mais de 750 mil investidores pessoa física na sua base acionária, representando 63% do capital social. Cemig e ISA Brasil formam o bloco de controle, com 21% e 14% do capital social, respectivamente.