Apesar do prazo médio de concessão mais curto do que o de concorrentes, o CEO da Taesa, Rinaldo Pecchio Jr., destaca que a companhia não deve tomar a decisão de entrar em leilões com grande deságio e condições que considera não favoráveis. O executivo é o entrevistado da edição mais recente do Dinheiro Entrevista.

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“Não vamos fazer nenhuma loucura, ganhar leilão a qualquer preço. Não queremos ter crescimento sem retorno. Não vamos levar para o Conselho uma teoria de manutenção de crescimento da empresa com retornos que não sejam adequados”, aponta o CEO da Taesa.

A visão é de ‘não tentar crescer para reduzir os prazos a qualquer custo’.

Atualmente uma fatia dos analistas de sell side se mantém cautelosa com a companhia por conta do prazo médio de concessão mais curto do que seus pares – o que preocupa, segundo eles, pois poderia forçar a empresa a tomar decisões menos favoráveis.

O último leilão de transmissão que a companhia participou, ainda em 2024, teve um deságio de 50% pago pela empresa. Pecchio defende que, apesar de parecer alto, a decisão foi tomada porque a companhia enxergava soluções.

“O deságio tem muito a ver com como você se colocou em termos de projeto para aquele lote em específico. Quando o deságio é alto, de linhas, tem que ver o que foi visto, alguma solução de engenharia que chegaram naquela solução”, explica.

Sobre o próximo e único leilão de transmissão de 2025, Pecchio detalha que a gestão vê como ‘super importante’ e que estuda todos os lotes para fazer ofertas pelos que compreendem como mais atrativos e que façam mais sentido para a empresa.

“Vai ser um leilão concorrido, tem novos entrantes. Estamos preparados para um leilão competitivo. Não vamos entrar ‘com o pé mole’, como se fala no futebol. Não esperamos nenhuma moleza. Vamos fazer todo o trabalho esperando que vai ter uma grande concorrência.”

Qual o futuro dos dividendos da Taesa?

Depois de reduzir o valor nominal dos dividendos pagos no último ano, a Taesa pretende continuar distribuindo o que considera ‘excelentes dividendos‘ aos acionistas.

Isso, com base nas novas regras implementadas.

Os dividendos de TAEE11 tiveram sua base de cálculo trocada, com a companhia agora considerando o lucro regulatório no lugar do lucro IFRS. Esse indicador, mais próximo da realidade financeira da operação e utilizado pelo mercado como referência, tende a garantir uma previsibilidade maior para os acionistas, segundo o CEO.

Pecchio explicou que a empresa tem priorizado um aumento no Capex, com foco em participar de leilões e buscar concessões para substituir contratos que estão perto do vencimento. A estratégia é manter o ritmo de crescimento sem comprometer a saúde financeira da operação.

A expectativa é de pagar entre 90% e 100% do lucro regulatório em dividendos.

Para se ter uma ideia, no primeiro trimestre de 2025, a Taesa registrou R$ 188 milhões de lucro regulatório. Projetando esse número para o ano inteiro, o resultado chegaria a R$ 752 milhões, com dividendos previstos de até R$ 752 milhões.

Qual o tamanho da companhia

A companhia é responsável pela operação de mais de 15 mil quilômetros de linhas de transmissão espalhadas por 18 estados brasileiros.

Com quase 20 anos de atuação e presença na bolsa desde a fundação, a empresa construiu ao longo dos anos a reputação de forte pagadora de dividendos — sendo, em muitos momentos, apontada como opção para quem buscava rendimento superior à renda fixa.

Hoje, cerca de 750 mil investidores pessoa física compõem a base acionária da Taesa, representando 63% do capital social. O bloco de controle é dividido entre a Cemig, com 21%, e a ISA Brasil, com 14%.