11/07/2007 - 7:00
BABIN, O CEO, E HEUER (À DIR.) fazem uma dobradinha da gestão eficiente com a tradição. Na foto maior, o carro da McLaren patrocinado pela grife
O palco é o Hotel du Castellet, charmoso membro da rede Relais & Chateau, a uma hora de Marselha, no sul da França. Os atores principais são os modelos da nova linha Grand Carrera, que demoraram dois anos e meio para sere desenvolvidos e custarão de 2,5 mil a 5 mil euros. O tempo gasto para lançar a coleção pode parecer longo. Mas a data de seu debut foi escolhida com precisão. A linha, que remete à série Carrera, criada em 1964 para ser um relógio ligado ao automobilismo, surge no momento em que o novato inglês Lewis Hamilton, o bicampeão espanhol Fernando Alonso, ambos da equipe McLaren, e o finlandês Kimi Raikkönen, da escuderia Ferrari, disputam o título de Fórmula 1 em um dos campeonatos mais concorridos dos últimos anos. O que a TAG Heuer tem a ver com isso? Além de patrocinar a equipe McLaren, os três são garotospropaganda da grife. “Você pode ter o melhor marketing do mundo, mas não dá certo se não tiver o produto certo”, disse Jean Christophe Babin, o CEO da TAG Heuer, à DINHEIRO.
Jean Christophe Babin, presidente da grife TAG Heuer, sorri para os fotógrafos minutos antes de apresentar a nova aposta da marca no mundo da relojoaria.
Ok! É necessário, como dizem os locutores de automobilismo, uma dobradinha de bom produto com excelente marketing para conquistar mercado.
Ao que parece, tem dado certo. A TAG Heuer ocupa a quarta posição entre as maiores fabricantes de relógio de luxo – fica atrás de Rolex, Cartier e Omega. Os números não são revelados pelos executivos da empresa, mas o mercado estima que o faturamento da empresa seja de 520 milhões de euros. Nada mal se comparar com a receita de 285 milhões de euros que a companhia tinha em 1999, quando foi comprada pelo grupo Louis Vuitton Moët Henessy (LVMH) por 658 milhões de euros. Grande parte desse salto nos números da TAG se deve, principalmente, à atuação de Babin no desenvolvimento de produtos e no marketing agressivo. A empresa passou a relançar relógios que fizeram história e iniciou a produção de óculos há cinco anos. Somado a isso, aumentou a sua presença em eventos esportivos.
GRAND CARRERA: os relógios desta nova linha custarão entre 2,5 mil a 5 mil euros
Especialistas em construção de marcas analisam a estratégia da TAG com bons olhos. “A F-1 traz a imagem de tecnologia para a grife”, diz Eduardo Tomiya, sócio da consultoria BrandAnalytics. Nesse campo, a TAG Heuer, empresa fundada em 1860, pode se gabar. Ela foi a primeira a cronometrar o centésimo de segundo, em 1916, e cronometrou a F-1 de 1992 a 2003. Os consumidores brasileiros têm essa percepção. “Estamos entre as três marcas mais vendidas no Brasil”, diz Philippe Alluard, presidente da divisão de relógios do LVMH para a América Latina e Caribe. No segmento de óculos, a marca também esbanja vigor. “Iniciamos as vendas há três anos com 2,6 mil unidades”, diz Marcos Amaro, dono da empresa World of Luxury, a representante dos óculos da grife no País. “Em 2006, vendemos 4,2 mil exemplares e até 2010 teremos uma venda anual de 10 mil peças.” Detalhe: os preços dos óculos vão de R$ 1,8 mil a R$ 2,6 mil. Jack Heuer, bisneto de Edouard Heuer, o fundador da marca, aplaude todos esses movimentos. “Estamos levando o nosso conhecimento no mundo dos relógios para o setor de óculos”, disse Heuer à DINHEIRO. “Temos lista de espera para comprá-los.” Eis o resultado de quem guia os negócios a 300 km/h.