28/11/2014 - 9:00
Quem é fã da série americana Grey’s Anatomy, que retrata a estressante rotina de médicos em um hospital, ou já assistiu à comédia romântica O melhor amigo da noiva deve lembrar-se do ator Patrick Dempsey – protagonista dessas duas produções. O que muitos não sabem é que, aos 48 anos, ele é tão famoso no mundo do automobilismo quanto no das câmeras do cinema e da televisão. Dempsey, que falou com exclusividade à DINHEIRO em recente visita ao País, revelou, inclusive, que prefere as pistas de corrida do que os sets de gravação. “Eu adoro a adrenalina e a superação que o esporte proporciona”, diz.
Dono de uma equipe que leva o seu sobrenome, ele esteve em São Paulo, no segundo fim de semana de novembro, para promover a marca suíça de relógios Tag Heuer, da qual é embaixador desde 2013, na penúltima etapa do Mundial de Fórmula-1, no autódromo de Interlagos. Na ocasião, a Tag Heuer apresentou dois amigos brasileiros da marca: os pilotos Bruno Senna, que disputa a Fórmula E, e Felipe Nasr, recentemente promovido à Fórmula 1, pela escuderia Sauber. De acordo com Bruno Duchene, diretor-geral da Tag Heuer na América Latina, a associação da grife ao automobilismo e à velocidade em geral vem de longa data.
A marca, que fatura estimados € 2 bilhões, já chegou a ser a cronometradora oficial da Fórmula 1 – posto hoje ocupado pela concorrente Rolex – e sempre teve garotos-propaganda ligados ao esporte, incluído o tricampeão mundial Ayrton Senna. “Somos uma marca referência em precisão, o que tem tudo a ver com automobilismo”, diz Duchene. No Brasil, segundo ele, a despeito das condições macroeconômicas desafiadoras, as vendas vêm crescendo dentro das metas estabelecidas pela direção da empresa, controlada desde 1999 pelo grupo francês LVMH, dono de marcas de alto luxo como Louis Vuitton e Veuve Clicquot, pela bagatela de quase US$ 800 milhões.
Sabe-se, no entanto, que o mercado brasileiro é o quinto mais importante do mundo para a grife. “Os investimentos no País vão continuar acelerados”, diz Duchene. Não é difícil saber as razões da decisão de buscar musculatura em países emergentes como o Brasil. Na verdade, a marca se ressente do baixo crescimento nos centros desenvolvidos – o próprio CEO Stephane Linder prevê um crescimento não superior a 5% para as vendas, neste ano, da Tag Heuer, baseada em La Chaux-de-Fonds, no Cantão de Neuchâtel, principal centro da relojoaria suíça. Um indício das dificuldades foi a demissão de 95 executivos, anunciada em setembro.
“O mercado brasileiro de luxo é um dos que menos têm sentido o arrefecimento da economia”, diz Valeska Nakad, consultora de negócios de alto luxo da Faculdade Belas Artes. “Ainda há muito para se explorar por aqui.” Não é à toa que a Tag Heuer criou um modelo exclusivo para o consumidor brasileiro, lançado no final de 2013, ao preço médio de R$ 18 mil. “O Carrera Brasil, que tem as cores da nossa bandeira, foi um sucesso de vendas”, diz Duchene. “Os relógios desapareceram em 24 dias.” Para alcançar seu objetivo de ampliar a presença no mercado local, a empresa estabeleceu uma estratégia de preços mais competitivos em relação aos praticados em suas lojas dos Estados Unidos e da Europa.
“Um relógio comprado na butique da Tag Heuer no Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, não deve sair 5% mais caro do que um adquirido em Miami ou em Londres”, diz Duchene. Adaptando-se aos usos e costumes do País, a companhia adotou o parcelamento das vendas – política pouco comum entre as marcas de luxo no exterior. As novidades para os brasileiros, segundo Duchene, não devem parar. Em março do ano que vem, por exemplo, será apresentada uma nova coleção de relógios. “As perspectivas para o País são as melhores possíveis”, afirma o executivo.