A relação militar entre Taiwan e China está no pior momento em quatro décadas, advertiu nesta quarta-feira (6) o ministro da Defesa da ilha, após vários dias de incursões de aviões chineses em sua zona de defesa aérea.

“Para as Forças Armadas, a situação atual é a mais sombria em 40 anos desde que iniciei meu serviço”, declarou no Parlamento o ministro taiwanês Chiu Kuo-cheng.

Desde sexta-feira, Dia Nacional da China, Pequim enviou quase 150 aviões além da zona de defesa aérea da ilha.

As incursões provocaram críticas nos Estados Unidos e inquietação em Taiwan. A presidente da ilha, Tsai Ing-wen, advertiu na terça-feira em um artigo para “consequências catastróficas” se o território cair nas mãos da China.

Taiwan vive sob a ameaça constante de uma invasão da China, que considera esta ilha autogovernada democraticamente uma parte de seu território a ser recuperada algum dia, inclusive pela força se necessário.

O presidente chinês Xi Jinping, que classificou a tomada de Taiwan como “inevitável”, também descreveu as relações com o território como “sombrias” em uma carta enviada na semana passada ao novo líder opositor da ilha.

O ministro da Defesa Chiu Kuo-cheng advertiu que o “menor descuido ou erro de de cálculo” pode desencadear uma crise no Estreito de Taiwan e destacou que a China estará em posição de fazer um ataque em larga escala em 2025.

“É capaz agora, mas precisa calcular o custo que terá que pagar e que tipo de resultado deseja alcançar. Depois de 2025, os custos e as perdas cairiam ao mínimo”, disse Chiu.

Pequim aumentou a pressão militar, diplomática e econômica sobre Taiwan desde a eleição em 2016 de Tsai, que considera a ilha uma nação soberana de fato e não parte da China.

O ano passado registrou o recorde de incursões de aviões militares chineses à zona de defesa de Taiwan, com 380. Desde o início de 2021, o número supera 600.