Em 2010, oficiais militares e geólogos americanos revelaram que o Afeganistão estava sobre depósitos minerais de quase US$ 1 trilhão. Os suprimentos de minerais como ferro, cobre e ouro estão espalhados pelas províncias. Existem também minerais de terras raras e talvez um dos maiores depósitos de lítio do mundo, um componente essencial e escasso de baterias recarregáveis ​​e outras tecnologias essenciais para enfrentar a crise climática.

“O Afeganistão é certamente uma das regiões mais ricas em metais preciosos tradicionais, mas também em metais necessários para a economia emergente do século 21”, disse Rod Schoonover, cientista e especialista em segurança que fundou o Ecological Futures Group, à rede CNN Business.

De acordo com a rede de televisão, desafios de segurança, falta de infraestrutura e secas severas impediram a extração dos minerais valiosos no passado. Dificilmente isso mudará logo sob o controle do Talibã. Mesmo assim, China, Paquistão e Índia tem interesse na região. Para Schoonover, a situação é uma grande questão.

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A demanda por metais como lítio e cobalto, bem como por elementos de terras raras como o neodímio, está aumentando à medida que os países tentam mudar para carros elétricos e outras tecnologias limpas para reduzir as emissões de carbono.

A Agência Internacional de Energia (IEA) informou em maio que os suprimentos globais de lítio, cobre, níquel, cobalto e elementos de terras raras precisam aumentar muito ou o mundo falharia em sua tentativa de enfrentar a crise climática.

O carro elétrico médio requer seis vezes mais minerais do que um carro convencional, de acordo com a IEA. O lítio, o níquel e o cobalto são essenciais para as baterias. Redes de eletricidade também requerem grandes quantidades de cobre e alumínio, enquanto elementos de terras raras são usados ​​nos ímãs necessários para fazer as turbinas eólicas funcionarem.

O governo dos Estados Unidos estimou que os depósitos de lítio no Afeganistão podem rivalizar com os da Bolívia, local das maiores reservas conhecidas do mundo.

“Se o Afeganistão tiver alguns anos de calma, permitindo o desenvolvimento de seus recursos minerais, poderá se tornar um dos países mais ricos da região em uma década”, disse Mirzad, do US Geological Survey, à revista Science em 2010.

Mesmo com a extração de ouro, cobre e ferro, a exploração de lítio e minerais de terras raras requer muito maior investimento e conhecimento técnico, além de tempo. A IEA estima que leva 16 anos, em média, desde a descoberta de um depósito para que uma mina comece a produzir.

Os minerais geram apenas US$ 1 bilhão no Afeganistão por ano, de acordo com Mohsin Khan, membro sênior não residente do Conselho do Atlântico e ex-diretor do Oriente Médio e Ásia Central do Fundo Monetário Internacional. Khan estima que 30% a 40% foram desviados pela corrupção, pelos senhores da guerra e pelo Talibã, que presidiu pequenos projetos de mineração.

Ainda há chance de o Talibã usar seu novo poder para desenvolver o setor de mineração, acredita Schoonover.

Khan analisa que era difícil conseguir investimento estrangeiro antes de o Talibã derrubar o governo civil do Afeganistão apoiado pelo Ocidente. Atrair capital privado será ainda mais difícil agora, especialmente porque muitas empresas e investidores globais estão sendo mantidos por padrões ambientais, sociais e de governança cada vez mais elevados. “Os investidores privados não vão correr  risco”, disse.

A China, líder mundial na mineração de terras raras, informou na segunda-feira que “manteve contato e comunicação com o Talibã afegão”. “A China, o vizinho do lado, está embarcando em um programa de desenvolvimento de energia verde muito significativo”, disse Schoonover.

O cientista disse que, se a China intervir, haveria preocupações sobre a sustentabilidade dos projetos de mineração, dado o histórico da China. “Quando a mineração não é feita com cuidado, pode ser ecologicamente devastadora, o que prejudica certos segmentos da população sem muita voz”, disse Schoonover.