26/06/2002 - 7:00
Na carteira de Rui Thomaz de Aquino, presidente da Táxi Aéreo Marília, além das fotos da família e dos inúmeros cartões de crédito, tem um pequeno folheto que ele guarda com especial carinho. De um lado está a foto do comandante Rolim Amaro, fundador da empresa. Do outro, os sete mandamentos da boa gestão, idealizados por Rolim. A primeira determinação ? ?Nada substitui o lucro? ? transformou-se em uma espécie de mantra para o executivo: ?Se não mantiver o balanço no azul, deixo o cargo?, garante Aquino, que assumiu há dois meses o manche da única empresa do grupo que é 100% controlada pelo clã Rolim. O desafio, contudo, parece não intimidá-lo. Em cinco anos, ele pretende dobrar o faturamento (que atingiu R$ 45 milhões em 2001) e fortalecer a musculatura da companhia em um mercado onde quem dá as cartas é a arqui-rival Líder Táxi Aéreo, cujas receitas somam R$ 160 milhões. Para alçar vôos mais elevados, Aquino dispõe de uma verba de R$ 26,5 milhões para investir na ampliação da infra-estrutura. O primeiro passo foi dado no início do mês, com a compra de um hangar no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. Os planos também incluem a construção de um moderno centro de manutenção no interior de São Paulo; a cidade ainda não foi definida. O principal terminal de passageiros da Táxi Aéreo Marília, situado no Aeroporto de Congonhas (SP), vai dobrar de tamanho. ?Vamos apostar fortemente nos segmentos de táxi aéreo e manutenção porque eles representam 70% de nossas receitas?, justifica.
E não é só. O presidente da Táxi Aéreo Marília também quer melhorar a performance da companhia no mercado de jatinhos, cujas vendas somam US$ 250 milhões por aqui. Em 2001, a empresa comercializou o equivalente a US$ 100 milhões em aeronaves fabricadas pela Cessna ? da qual é parceira e recebe comissão. A arma para conquistar clientes endinheirados é a família de jatos Citation, cujo modelo top de linha, o X, custa US$ 19 milhões. Aquino também está de olho nos executivos com cacife suficiente para ingressar nesse mercado. Neste campo, ele buscou inspiração no ídolo Rolim, mestre na arte do marketing. Aquino trouxe para o Brasil o Cessna Pilot Center, um CD que roda em microcomputador e ensina os primeiros passos da pilotagem. Criou também o ?Café da Manhã da Aviação?, que acontece aos sábados no Aeroporto Campo de Marte (SP) e reúne clientes e potenciais compradores. ?Já vendemos sete aeronaves em eventos desse tipo, nos últimos três meses?, festeja Aquino. ?Cada avião não sai por menos de US$ 100 mil?, explica ele.
Enquanto pilota os destinos da TAM, Aquino mantém os olhos grudados no caixa da companhia. Afinal, a lucratividade média de 12%, obtida na época em que a família cuidava do dia-a-dia da empresa, tem de ser mantida. O executivo tem carta-branca para agir. Apesar disso, sabe que sua permanência no posto depende do primeiro mandamento da cartilha criada por Rolim. Até porque, no horizonte está um concorrente de peso, a Líder
Táxi Aéreo, com fôlego suficiente para manter a posição privilegiada no ranking brasileiro.