Os investidores que entram no imponente edifício localizado no número 803 da Avenida Cidade Jardim, em São Paulo, em geral, se destinam ao oitavo andar. No local, fica a sede do fundo de private equity Pátria Investments, que tem mais de US$ 8,5 bilhões sob gestão. No trajeto percorrido de elevador, a maioria passa batida por outra gestora localizada dois andares abaixo, a Aqua Capital. Com um patrimônio líquido de R$ 750 milhões, a empresa tem devolvido aos clientes um retorno ao redor de 25% em dólares ao ano, já livre de impostos.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Insper, em parceria com a Spectra Investments, de 1982 a 2014 o retorno médio sobre investimento do setor foi de 34% em dólares, sem desconto de impostos. Portanto, ser menor não significa entregar um resultado aquém do apresentado pelos gigantes de mercado. Em um momento em que a alta da bolsa não supera a inflação, os private equities são uma oportunidade para se investir em empresas e ver o dinheiro render acima da média do mercado. “A vantagem é que fundos menores permitem uma relação mais próxima com os gestores e com as companhias investidas”, afirma Clóvis Meuer, vice-presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital.

O apetite por esse tipo de investimento é global. Segundo uma pesquisa da consultoria EY, os private equities aparecem como a principal classe de ativos no portfólio dos investidores, seguidos pelo mercado imobiliário e pelos recursos naturais. Tirando proveito da demanda, 72% das firmas pretendem captar recursos, em 2015, e 53% querem aumentar o valor comprometido com companhias, neste ano. Mas como está a realidade no Brasil? Para aqueles fundos que captaram recursos em dólares, há alguns anos, o País nunca esteve tão barato. O câmbio tem a sua parcela de participação nessa história, assim como o número reduzido de ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) e a diminuição do crédito no mercado.

“O momento é de investir no Brasil”, diz o argentino Sebastian Popik, presidente da Aqua. O executivo lembra que alguns setores, como o agronegócio, continuam crescendo, mesmo com a economia brasileira em recessão. “A receita das nossas empresas investidas cresce, na média, de 25% a 30%, e o Ebitda (lucro antes de amortizações, juros e depreciação), 33%”, diz. No portfólio de investimentos, estão empresas ligadas a alimentos ou logística, nomes como Aminoagro, Dimicron, Comfrio, Stocktech e Grand Cru. “Escolhemos um nicho em que vemos muito potencial de crescimento.”

Outra gestora de fundos que decidiu se focar em poucos setores foi a DXA Investments. O fundo faz alocações em logística, internet, consumo e hotelaria, e vai abrir mais uma frente, com investimento em pesquisa e desenvolvimento em saúde. Para isso, está captando um fundo de € 100 milhões, que será aplicado em empresas no Brasil e na França. “Já mapeamos 20 companhias, e a ideia é apoiarmos o desenvolvimento de um medicamento contra esclerose múltipla, por exemplo”, afirma Gustavo Ahrends, sócio da DXA. “Existem doutores, mas falta capital para dar continuidade às pesquisas nesses países.”