O empresário Nelson Tanure, um dos maiores acionistas individuais da Oi por meio do fundo Société Mondiale, estima que a tele deve chegar a um acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre a sua dívida num prazo de 60 a 90 dias. Ele acredita que isso irá destravar o processo de recuperação judicial. Em entrevista exclusiva ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, Tanure diz que a Medida Provisória (MP), que será publicada pelo governo, possibilitará a negociação do passivo com a Anatel, que cobra R$ 15 bilhões da tele no processo. A dívida total da empresa é de cerca de R$ 65 bilhões.

“A MP abre caminho para resolver o problema das dívidas com a União. Irá contribuir para o entendimento dos órgãos do governo (sobre a dívida)”, afirma. Com a MP, a União vai permitir a renegociação dos créditos já constituídos, que não podem mais ser questionados e que estão nas mãos da Advocacia-Geral da União (AGU). O prazo de parcelamento subirá de 60 meses para 120 meses. Além disso, as empresas poderão transformar os valores em investimentos de mesmo valor.

Ele também vê como positivo o anúncio de que será proposto um projeto que irá alterar a Lei Geral de Telecomunicações. Com a mudança, a Anatel poderá intervir em todos os serviços das operadoras de telefonia, que vão de concessão (linha fixa) a autorização (como celulares e internet). “Acabou essa fúria de alguns bondholders (detentores de títulos) abutres que dizem que a Anatel vai intervir amanhã. Há um projeto de lei que irá regulamentar isso e haverá todo um trâmite antes que um cenário como esse possa ocorrer”, diz.

Plano. Na visão do empresário, a prioridade hoje da companhia é fechar o acordo com o órgão regulador. “É uma pré-condição para chegar a outros acordos do processo de recuperação judicial”, afirma. Após isso, ele acredita que a conversa com os demais credores deve evoluir e a aprovação do plano, em assembleia de credores, poderá ocorrer até outubro.

Tanure diz acreditar que a nova versão da proposta da companhia será aprovada pelos credores com “alguns ajustes”. Entre eles, cita o aumento de capital, que estima em torno de US$ 2 bilhões. Em abril, a Oi sinalizou que poderá incluir no processo de recuperação judicial a capitalização que traga dinheiro novo para a companhia.

Tanure confirmou que pretende manter a sua posição na companhia. Em abril, já tinha informado ao Broadcast que estaria disposto a colocar US$ 2 bilhões na Oi, juntamente com fundos de investimentos. O empresário possui, por meio do Société Mondiale, 7% das ações ordinárias e 6,3% do capital social da tele. Junto com fundos que estão alinhados com ele, a participação sobe para cerca de 35% da Oi.

Além disso, Tanure conta que uma das opções em estudo hoje é realizar o aumento de capital em diversas etapas. Outras possíveis mudanças no plano atual seriam ajustes das taxas de juros propostas para os credores, assim como alterações nos prazos de pagamentos, segundo fontes próximas à tele.

O novo plano ficou pronto em março, após uma primeira versão entregue à Justiça em setembro do ano passado.

“Acabou essa fúria de alguns bondholders (detentores de títulos) abutres que dizem que a Anatel vai intervir amanhã. Há um projeto de lei que irá regulamentar isso e haverá todo um trâmite antes que um cenário como esse possa ocorrer.”