Pelo menos 13 casos do Marburg foram confirmados na Tanzânia, com 5 mortes até o momento no país. Embora o vírus da família do ebola siga se alastrando, a ministra da Saúde da Tanzânia, Ummy Mwalimu, disse que o governo está controlando a doença. Em fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou o surto do vírus letal na Guiné Equatorial. Quais são os riscos da doença se espalhar e atingir o Brasil?

+ Vírus de Marburg: especialista explica como se dá o contágio; vírus primo do ebola pode ser fatal

Segundo Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz/Amazônia, embora seja um erro descartar a possibilidade de “importação de casos” do vírus para cá, na prática, “as possibilidades de chegar e se espalhar pelo país são baixas, apesar de estarmos falando de um dos maiores surtos já registrados”, explica.

“De forma geral, o Marburg é transmitido às pessoas por morcegos frugívoros [que se alimenta de frutos] e se espalha entre os humanos por meio do contato direto com os fluidos corporais de pessoas, superfícies e materiais infectados”, acrescenta Orellana.

Diferente da Covid-19, gripe, resfriado ou doenças causadas por vírus respiratórios transmitidos no ar, a transmissão do Marburg ocorre via fluidos: feridas, saliva, lágrima, esperma, entre outros.

Como agir em caso de surto?

“[O vírus] É altamente infectante, ou seja, passa muito fácil de uma pessoa para outra, mas a pessoa precisa tocar num indivíduo doente. Um vírus que não seja respiratório dificilmente é transmitido, então é mais difícil sair da região onde existe, pois facilmente você isola doentes e controla o vírus”, afirma o biomédico Roberto Martins Figueiredo, especialista em saúde pública.

Seja aqui no Brasil ou qualquer outro local, o que se faz, segundo Figueiredo, é isolar o local onde mora o infectado e quem teve contato com ele até o período de incubação, além de desinfecção dos locais. O período de incubação é de 2 a 21 dias para o indivíduo doente. “Os casos fatais costumam acontecer em pessoas muito jovens ou idosos, principalmente. Mas, não podemos descartar outras faixas etárias”, alerta o epidemiologista da Fiocruz.

Origem do vírus

O vírus Marburg não é o mesmo da Ebola. “Ele foi descoberto em 1967, na Alemanha, e é considerada uma zoonose e tem como hospedeiro principal o morcego. Alguns surtos já foram identificados nos últimos anos, mas concentrados principalmente nos países africanos”, explica Carla Kobayashi, infectologista do hospital Sírio-Libanês.

Ainda não existe nenhum tratamento especifico ou vacina e o “tratamento de suporte com medicações que ajudem no controle dos sintomas é o único disponível”, explica a infectologista.

Segundo o Ministério da Saúde, pessoas diagnosticadas com ebola devem ser isoladas do público, e profissionais de saúde e outras pessoas que entrarem em contato com o doente devem obrigatoriamente usar Equipamento de Proteção Individual. A infecção pelo vírus Ebola ocasiona os seguintes sintomas:

  • Febre;
  • Cefaleia;
  • Fraqueza;
  • Diarreia;
  • Vômitos;
  • Dor abdominal;
  • Inapetência;
  • Odinofagia (dor ao engolir alimentos);
  • Manifestações hemorrágicas.