06/08/2025 - 10:20
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 06, que conversará com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent,sobre as tarifas de 50% impostas à produção brasileira. Agendada para a quarta-feira da próxima semana, dia 13, a conversa não será à distância. A depender da qualidade das tratativas, o trabalho poderá evoluir para uma reunião presencial.
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“Já recebemos o e-mail confirmando dia e hora”, disse Haddad. “(A reunião será) remota, obviamente que, a depender da qualidade da conversa ela pode se desdobrar em uma reunião de trabalho presencial, aí com os ânimos já orientados no sentido de um entendimento entre os dois países.”
Tarifas entram em vigor
As tarifas impostas ao Brasil entram em vigor nesta quarta-feira, 6. Segundo levantamento da Secretaria de Comércio Exterior, a sobretaxa de 50% incidirá sobre 35,9% das exportações brasileiras para os EUA. Considerando dados de 2024, isso corresponderia a US$ 14,5 bilhões.
O Brasil não estará sozinho por muito tempo nessas tarifas elevadas. Nesta quinta, 7, sobem também as taxas sobre produtos de mais algumas dezenas de países que exportam para os EUA, caso de Japão, Coreia do Sul e a União Europeia. A diferença é que em nenhuma dessas dezenas de nações a taxa será tão alta quanto no Brasil.
Diálogo difícil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não ligaria para Trump porque o presidente americano não quer conversar.
“Não vou ligar para o Trump para negociar nada (sobre o tarifaço), porque ele não quer”, discursou Lula, para afirmar em seguida: “Mas pode ficar certa, Marina (Silva, ministra do Meio Ambiente). Vou ligar para o Trump para convidá-lo para vir para a COP (a reunião global sobre mudanças climáticas, que desta vez vai acontecer em Belém); quero saber o que é que ele pensa da questão climática”.
O processo contra Bolsonaro, classificado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, como “caça às bruxas”, é uma das justificativas dadas por Washington para a aplicação de tarifas comerciais ao Brasil, assim como de sanções impostas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do processo em que Bolsonaro é réu. Assim, o aspecto político do tarifaço sobre o Brasil forma um entrave para o avanço de uma negociação comercial.
Na manhã desta quarta-feira, 6, Haddad manifestou preocupação com a atuação nos Estados Unidos do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), terceiro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que licenciou-se do mandato parlamentar e está nos EUA fazendo campanha pela aplicação de sanções norte-americanas ao Brasil e às autoridades brasileiras.
(*com informações da Reuters e do Estadão Conteúdo)